Desde a sua estreia nos cinemas, "Mãe!" de Darren Aronofsky tem sido objeto de muita discussão, sem dúvidas um filme que cumpre a intensão de provocar. O resultado da experiência de assisti-lo é polarizada entre os que o consideram um dos melhores filmes de todos os tempos e os que defendem que ele se trata de uma produção descreditada e ruim, muito ruim. Quem resolveu incrementar o debate a respeito dele foi o cineasta Martin Scorsese, que publicou um interessante texto no The Hollywood Reporter. O diretor de "Os Infiltrados" e "Touro Indomável" comentou que se sentiu inquieto com tanta repercussão negativa ao longa, achando exagerada o posicionamento radical das pessoas e uma possível nuance de satisfação de alguns com o fato da produção ter recebido nota F no Cinemascore - um dos mais populares índices de avaliação de filmes. Curioso, ele decidiu passar a experiência de o assistir. "Depois de assistir "Mãe!", eu fiquei ainda mais preocupado com essa pressa que todos tem para julgar o filme. [...] As pessoas saíram das sessões querendo sangue, simplesmente porque o filme não podia ser facilmente definido ou resumido em uma frase de duas palavras. É um filme de terror, ou uma comédia de humor negro, ou uma alegoria bíblica, ou uma fábula sobre decadência moral e destruição ambiental? Talvez seja um pouquinho de cada coisa. Mas certamente não é só uma delas.", diz Scorsese. Em tempos de questionamentos, pelo menos aqui no Brasil, sobre o que é arte e o seu valor; como também todas as polêmicas que envolvem o alto investimento que a Netflix e a Amazon tem feito na indústria, o diretor dá valor a experiência. Ele deixa claro neste ponto de seu artigo ao THR: "É um filme que precisa ser explicado? E quanto à experiência de assistir "Mãe!"? É um filme tão lindamente filmado e atuado, com a câmera subjetiva e os ângulos de ponto de vista reversos... O desenho de som, que leva o espectador aos cantos da casa e te conduz mais e mais profundamente no pesadelo que é o desenvolvimento da história, que se torna cada vez mais desanimadora à medida que o filme passa. [...] Só um cineasta verdadeiro e apaixonado poderia fazer esse filme, que eu ainda estou experienciando semanas depois de tê-lo visto." Ele ainda defende o respeito aos cineastas e as suas obras, afirmando que "bons filmes de cineastas de verdade não foram feitos pra serem decodificados, consumidos rapidamente ou compreendidos instantaneamente. Alguns não são nem feitos para ser gostados imediatamente. Eles são feitos, porque a pessoa atrás da câmera sentiu a necessidade de fazê-lo." Ao declarar exemplificou com "O Mágico de Oz", "A Felicidade Não se Compra" e "Um Corpo Que Cai", todos este foram rejeitados na estreia e hoje são considerados clássicos. O próprio "Blade Runner 2049", elogiadíssimo pela crítica, enfrenta baixa bilheteria. No final ele é categórico ao afirmar que "Notas da crítica no Rotten Tomatoes e do público em Cinemascores vão desaparecer em breve. Enquanto isso, filmes feitos tão passionalmente como "Mãe!" vão continuar a crescer em nossas mentes." Contudo não mesmo com sua posição em defesa da arte, estando ele de acordo com a classe a que pertence, não se pode tirar de consideração que o funcionamento da indústria cinematográfica depende em grande maneira do retorno e lucros advindos das bilheterias. Enquanto isso "Mãe!" segue sendo um sucesso, pelos menos em popularidade, seja ela positiva ou não. A história do relacionamento de um casal, que é testado quando convidados não esperados chegam a sua casa,continua com boas chances no Oscar 2018, agora em categorias específicas como atuação, para Jennifer Lawrence, Javier Bardem, Michelle Pfiffer e Ed Harris; roteiro original para Aronofsky, fotografia e trilha sonora. Estaria Scorsese opinando de maneira romantizada? O cinema se faz arte quando produz filmes como este? Juliana Leão - Equipe CETI!
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