Uma marca estava sendo quebrada quando Barbra Streisand anunciou Katherine Bigelow como vencedora do Oscar de Melhor Diretor em 2010 por "Guerra ao Terror": pela primeira vez, uma mulher ganhava o prêmio máximo de direção do cinema. Um feito e tanto que pode ser superado nesse ano. Apenas 4 mulheres foram indicadas ao prêmio de direção no Oscar: Lina Wertmüller foi a primeira, nomeada em 1976 pelo filme "Pasquialino Sete Belezas". Depois, Jane Campion por "O Piano" em 1993, e Sofia Coppola por "Encontros e Desencontros" em 2003. Só Bigelow venceu. O preconceito em Hollywood é antigo e tem até nome: "celluloid ceiling" (teto do celulóide). Parte disso vem das origens arcaicas do sistema, que remonta à década de 1930, quando os Estados Unidos segregavam minorias em todos os setores da sociedade. Para Martha Lauzen, diretora do Centro de Estudos das Mulheres na Televisão e no Cinema da Universidade Estadual de San Diego, grande parte do problema é negá-lo: "Eu tenho escutado editores das publicações mais influentes, bem como executivos dos estúdios dizerem que não há problema. Eles dão os nomes de quatro ou cinco diretoras de alto nível que por acaso são mulheres e dão de ombros". A vitória de Bigelow foi um marco que pode ser superado esse ano: duas mulheres estão entre as favoritas para a categoria de Melhor Diretor do Oscar 2015: Angelina Jolie, por "Invencível", e Ava DuVernay, por "Selma". Se as duas forem indicadas, esse poderá ser considerado o melhor ano já visto em uma premiação do Oscar para as mulheres na Direção - pois nunca houve mais que uma nomeada na categoria no mesmo ano. Ambas são diretoras "novatas", e precisarão de muito apoio da Academia para serem consideradas candidatas em potencial para a estatueta. Diferente de Ava, Jolie já ganhou um Oscar de atuação, por "Garota, Interrompida" em Melhor Atriz Coadjuvante. Infelizmente, as possíveis indicações não significam que o preconceito estará superado. É um processo longo e que leva tempo, como explica Lauzen: "As atitudes em relação ao gênero estão muito arraigadas e quando mudam, mudam muito lentamente". Enquanto Hollywood caminha a passos lentos, o resto do mundo continua se rendendo ao talento feminino atrás das câmeras. Mira Nair, Lynne Ramsay, Isabel Coixet, Lisa Cholodenko, Chantal Akerman, Marguerite Duras e Carla Camurati são algumas mulheres aclamadas pelos seus filmes. É muito talento para ser descoberto e reconhecido. Leonardo Miranda - Colaborador do CETI
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