No rastro dos festivais de Veneza e Telluride, ontem começou o Festival de Toronto, um dos mais importantes indicadores do Oscar. Estrear bem por lá significa ter seu nome fresco na memória dos críticos e votantes das premiações. Para início deste verdadeiro termômetro, o longa de estreia do ficou a cargo de “Legítimo Rei” de David Mackenzie, que fez sucesso há dois anos por “A Qualquer Custo”. A novidade sobre ele, é que se trata de um filme da Netflix, persona non grata no Festival de Cannes, mas simpático no TIFF. Apegado a história e as tradições como um bom escocês, Mackenzie conta sobre como Robert de Bruce, rei escocês do século XIV e exilado de seu país, usou astúcia e bravura para derrotar e repelir o exército inglês de seu território. Um ato heroico, pois o exército inglês era muito maior e melhor equipado. A dobradinha do diretor com Chris Pine não surtiu o efeito esperado. “Pine está totalmente comprometido com a missão de Robert, mas o filme tem dificuldade em torná-lo um personagem empático, mesmo com uma esposa e filha para torná-lo relacionável. E leva uma eternidade a campanha militar começar a rolar”, relata John DeFore, do The Hollywood Reporter. Segundo as reviews, o ponto sensível do filme é o seu fraco roteiro, a cargo de cinco pessoas. Mark Bomback, Bathsheba Doran, David Harrower, James MacInnes e o próprio David Mackenzie, provaram que quantidade nem sempre significa qualidade. “Quando se trata de contar a história e preenchê-la com personagens interessantes, o roteiro recorre a polarização chato de herói/ vilão, indignos da história real que representa e infantil em sua simplicidade. [...] O que nos resta são bons escoceses lutando contra o mau inglês, e não muito mais do que isso.”, afirma Matt Goldberg, do Collider. Afinal, foram 20 anos de luta de Robert de Bruce, resumir tudo isso era uma tarefa muito delicada. Dentro os acertos da produção estão o excelente trabalho das artes técnicas, principalmente direção de arte, figurino, maquiagem, trilha sonora e fotografia. “Legítimo Rei” foi todo filmado em ultra-widescreen, fotografado com lentes anamórficas da Panavision Millennium DXL em 8K. “O complexo figurino destaca o distinto vestuário da época e a trilha sonora que retrata o Velho Mundo adiciona um senso de verossimilhança a história. A fotografia se move livremente de dentro para fora, mapeando conjuntos gigantescos de cenários e ambientes ao ar livre”, segundo Charles Bramesco, do The Guardian. Toda esta grandiosidade ficara restrita ao streaming, porque ainda não há uma definição se ele entrará em exibição especial nos cinemas para que se torne elegível ao Oscar. Quanto às atuações, segundo o crítico do Pedro Debruge do Variety, elas são apenas corretas. Chris Pine vai bem mais uma vez e consegue com muito esforço contornar as falhas do roteiro para fazer Robert de Bruce de uma maneira crível. Contudo, o destaque fica por conta da química com Floresce Pugh, que interpreta Elizabeth, a esposa do rei. A atriz, para Debruge, mantém o alto nível de atuação, como foi em “Lady Macbeth”. A derrapada é de Aaron Taylor-Johnson, o vencedor do Globo de Ouro por “Animais Noturnos” aparece muito forçado. A noite de estreia do TIFF ficou devendo em qualidade, a velha impressão de um filme que poderia ser muito mais, porém entregou muito pouco. Enquanto isso, a Netflix continua sofrendo para encontrar a credibilidade dentro dos festivais e das premiações. Quando ao Oscar 2019, “Legítimo Rei” pode encontrar o seu espaço nas categorias técnicas. Quanto ao Festival de Toronto em si, todos estão ansiosos para acompanhar a estreia de filmes importantes da temporada e começar a perceber quais são os mais quentes. Juliana Leão - Equipe CETI
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