Assim como Telluride muito esperava de "Saltburn", Veneza encontra todos os seus olhos voltados para "Poor Things".
O filme marca a esperada volta de Yorgos Lanthimos, depois do gigantesco "A Favorita", assim como marca a segunda parceria dele com Emma Stone. A atriz interpreta Bella Baxter (Stone), uma jovem trazida de volta à vida pelo brilhante e heterodoxo cientista Dr. Godwin Baxter (Willem Dafoe). Sob a proteção de Baxter, Bella está ansiosa para aprender. Faminta pelo mundanismo que lhe falta, Bella foge com Duncan Wedderburn (Mark Ruffalo), um advogado astuto e debochado, em uma aventura turbulenta pelos continentes. Livre dos preconceitos de sua época, Bella cresce firme em seu propósito de defender a igualdade e a libertação. E é exatamente Emma Stone quem rouba toda a atenção. Todas as críticas exaltam o papel único, e a atuação grandiosa da atriz. Dizem que Emma chegou em outro nível da carreira! "Poor Things" foi chamado de um clássico instantâneo. Todos os seus pontos técnicos chegaram a ser elogiados: figurino, direção de arte, fotografia, trilha sonora... Yorgos Lanthimos chega em Veneza com mais um trabalho incrível! Inclusive, alguns dizem que esse é o melhor filme que ele já fez. Se a temâtica vai agradar os votantes da Academia é outra história... Mas com certeza pode ter muito sucesso nas premiações da crítica, no BAFTA... Esse já pode ser considerado um dos grandes filmes da temporada. Stone oferece uma atuação hilária e de alto nível! Poor Things é uma loucura vitoriana retrofuturista steampunk e terror macabro. Lanthimos mostra-nos um mundo extraordinário, artificial e contorcido, parcialmente filmado em monocromático, por vezes saliente para nós através de uma lente olho de peixe, noutros locais iluminado a partir de dentro em tons ricamente saturados, como uma placa colorida gravada. E sua protagonista é alguém que leva isso para o próximo nível de carreira, ou para um nível além do próximo nível: Emma Stone. E Mark Ruffalo é encadalosamente engraçado! Um filme luxuoso e violentamente arrebatador! Uma performance surpreendente de Stone. Tendo ficado de coadjuvante para Olivia Colman em “A Favorita” enquanto aperfeiçoava seu sotaque inglês, ela é recompensada aqui por sua paciência com o que a maioria dos atores teria que honestamente chamar de um papel único na vida. Emma Stone é estupenda como uma mulher se reinventando na fantástica odisséia de Yorgos Lanthimos! É uma atuação destemida que traça um arco expansivo com o qual a maioria dos atores só poderia sonhar. Os cenários de James Price e Shona Heath são maravilhas da invenção que tratam a ideia de época como uma caixa de areia! A cinematografia de Robbie Ryan captura tudo isso com uma atenção mágica à cor e à luz, junto com a tendência habitual de Lanthimos para a visão distorcida intermitente de uma lente olho de peixe. Os figurinos de Holly Waddington são outro arraso, principalmente os vestidos de Bella, com mangas e saias esculturais que podem evocar construções geométricas ou formas orgânicas como flores ou corais. Depois, há a partitura notável do músico inglês Jerskin Fendrix, uma espécie de panóplia de sons punk-clássicos, muitas vezes dissonantes, agitados ou lúgubres, em outros lugares travessos e saltitantes. Nada em Poor Things poderia ser descrito como comum. Será intrigante ver Poor Things como um candidato ao Oscar. Pode ser muito subversivo e excêntrico para os gostos mais convencionais, mas é um filme primorosamente feito. E merece estar na temporada! É um clássico instantâneo! “Poor Things” é o melhor filme da carreira de Lanthimos, mordazmente engraçado, caprichoso e maluco, despretensioso, cheio de tanta coisa para adorar que tentar analisar tudo aqui parece uma resposta lamentável às ambições do filme. ![]()
AUTOR DO POST
Danilo Teixeira
Editor do Termômetro Oscar | CETI
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