O diretor artístico do Festival de Cinema de Veneza, Alberto Barbera, está de bom humor depois que o anúncio da programação de terça-feira conseguiu evitar o impacto da greve do SAG-AFTRA, algo que poderia ter sido “devastador” para o evento, diz ele. No final, o único filme dos EUA que saiu foi “Challengers”, estrelado por Zendaya, de Luca Guadagnino, que Barbera diz ser contra a vontade de Guadagnino.
E embora nos reste saber quantas estrelas americanas estarão no tapete vermelho, Barbera, em uma conversa com a Variety, que Veneza vai acontecer normalmente. Aos questionado sobre as greve e o impacto no Festival, ele disse: "Nos primeiros dias houve silêncio total, não conseguíamos falar com ninguém. Entendemos que a situação era muito complexa e ameaçadora. Havia um risco real de que todos os filmes americanos fossem retirados. Eu tinha fechado o line-up, então vocês podem imaginar com que ânimo encarei a semana seguinte. Então, felizmente, comecei a receber sinais positivos. Primeiro do Searchlight [que está por trás de “Poor Things” de Yorgos Lanthimos], que disse: “Queremos apoiar o festival e lançar o filme. Pena que Emma Stone não poderá vir. Mas estamos confirmando nossa participação”. O mesmo aconteceu com a Netflix [que tem “The Killer” de David Fincher e “Maestro” de Bradley Cooper, entre outros títulos.] Eles disseram: “Nossos títulos chegaram. O único problema é Bradley Cooper, que não é apenas o diretor, mas também o protagonista. Ele não quer ir contra o SAG. Ele está super atormentado. Ele não está dormindo à noite. Ele tomará a decisão certa. Mas para os outros filmes, sem problemas.” Então, isso foi reconfortante. Nos dias seguintes não houve mais abandonos. A verdadeira discussão em andamento foi com a Amazon sobre “Challengers”. Eles foram os que mais entraram em pânico. Eles foram os que mais sofreram com a greve, e são com quem eu mais briguei. Quem mantinha contato diário com eles era Luca, que ficou furioso e fez de tudo para tentar convencê-los a não fazerem a escolha errada. Ele lutou como um leão, até o amargo fim. Na quinta-feira passada, recebi uma ligação de Sue Kroll [chefe de marketing da Amazon Studios] me dizendo: “Infelizmente, devo dizer a você que o resultado dessa discussão infinita é que decidimos adiar o lançamento do filme para a primavera de 2024”. Ao ser questionado sobre o que esperar do tapete vermelho: "As estrelas que certamente não virão a Veneza são as do filme de Bradley Cooper [“Maestro”], o filme de Lanthimos [“Poor Things”] e o de Fincher, porque são filmes de streamer ou estúdio. Todos os outros, que são filmes independentes, começando com “Ferrari” de Michael Mann [estrelado por Adam Driver e Penelope Cruz] até “Priscilla” de Sofia Coppola [com Cailee Spaeny e Jacob Elordi] e “Origin” de Ava DuVernay [estrelado por Aunjanue Ellis-Taylor e Vera Farmiga]". Por fim, a grande polêmica. A Variety perguntou para Alberto Barbera sobre a escolha de 3 diretores problemáticos: "Luc Besson foi recentemente totalmente inocentado de quaisquer acusações. Woody Allen foi submetido a escrutínio legal duas vezes no final dos anos 90 e foi absolvido. Com eles, não vejo onde está o problema. No caso de Polanski, é paradoxal. Já se passaram 60 anos. Polanski admitiu sua responsabilidade. Ele pediu para ser perdoado. Ele foi perdoado pela vítima. A vítima pediu que o problema fosse resolvido. Acho que continuar batendo em Polanski é buscar um bode expiatório para outras situações que mereceriam mais atenção. Estou do lado daqueles que dizem que é preciso distinguir entre as responsabilidades do indivíduo e as do artista. Além disso, sou um diretor de festival, não um juiz. Eu julgo as qualidades artísticas dos filmes. E nessa perspectiva, não vejo por que não convidar o filme de Polanski para Veneza. Ah, e Woody Allen vai estar em Veneza para o lançamento"! O Festival de Veneza acontece de 30 de agosto a 9 de setembro ![]()
AUTOR DO POST
Danilo Teixeira
Editor do Termômetro Oscar | CETI
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