Vamos para a nossa terceira grande estreia de Veneza! Dessa vez estamos celebrando a volta de Todd Field, que não dirige um filme desde 2006 com "Pecados Intímos", que o indicou ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado.
Curiosamente, Todd tem apenas mais um filme como diretor. O longa "Entre Quatro Paredes", que o indicou como Melhor Filme e Melhor Direção, e ainda recebeu mais 3 nomeações em atuação. A volta de Todd fica ainda mais interessante, quando pensamos que "TÁR" é uma parceiria entre o diretor e a atriz Cate Blanchett, que faz o papel de Lydia Tár. Situado no mundo internacional da música clássica, Lydia é amplamente considerada uma das maiores compositoras/regentes vivas e a primeira maestrina chefe de uma grande orquestra alemã. E não por acaso, as críticas quase todas se concentram na força do trabalho de Cate. Inclusive, esse chegou a ser considerado um dos melhores de sua carreira. Com certeza o melhor desde "Carol". Então, Cate se torna um nome forte para o Oscar 2023! Todd Field também se saiu muito bem, com a crítica dizendo que espera que o diretor não demore mais 16 anos pra lançar um filme, e que essa é uma obra de gênio. Bom, que as outras atrizes que se preparem, Cate Blanchett está forte para mais uma temporada! Blanchett dá um de seus melhores trabalhos! Uma masterclass de atuação! A atriz é absolutamente magnética neste drama ultra-elegante com um clímax chocante! Ninguém, a não ser Cate Blanchett, poderia ter dado a altivez imperiosa necessária para este filme cativante do escritor e diretor Todd Field. Ninguém além de Blanchett tem o jeito certo de usar um terno preto de duas peças com uma camisa branca de gola aberta, o jeito de balançar o cabelo solto nos momentos de abandono, o jeito de deixar seu rosto se tornar uma máscara de desprezo. Ela segura a tela por duas horas e meia, auxiliada pela cinematografia épica de Florian Hoffmeister. Não tenho certeza de que todos os tiques, dicas e fintas díspares e intrigantes do filme se encaixem satisfatoriamente, mas que desempenho colossal de Cate Blanchett! É muito bom ter este grande cineasta de volta à cena. O filme é um drama pesado que cria um retrato excepcionalmente detalhado de uma artista perdida dentro do seu próprio sucesso. Públicos sofisticados e inteligentes, famintos por um drama de alta qualidade absorvente sobre uma maestrina brilhante que pode ser sua pior inimiga, vão se deleitar com este olhar muito atual da cena da música clássica internacional; provavelmente nunca um filme comercial americano se dedicou de forma tão intensa e abrangente a formar um retrato de muitas camadas do que um músico contemporâneo de primeira linha realmente faz no dia-a-dia. Demora um pouco para esta odisseia de quase três horas decolar, mas, quando isso acontece, ela sobe. É mais do que digno da atenção, e os devotos da música clássica se acomodarão felizes para uma longa refeição diferente de tudo que já viram na tela antes. Cate Blanchett atinge outro momento excepcional aqui em uma performance deslumbrante que leva o filme mais profundo a cada cena. Tár é um estudo de personagem hipnotizante, seus detalhes refinados estendendo-se com precisão. O principal ponto de discussão será a performance surpreendente de Cate Blanchett – dura, dominadoramente controlada e sempre tão lentamente se fragmentando sob pressão. Mas não menos notável é o retorno do roteirista e diretor Todd Field com uma grande obra, 16 anos após seu último longa. Cate Blanchett está no seu melhor desde 'Carol'. É um estudo de personagem executado de forma resplandecente, bem decorado com intriga psicológica. Como costuma acontecer nessa marca de performance estrelada, Blanchett é o talismã: ela pelo menos ofusca as desvantagens do filme, tornando-as muito mais fáceis de ignorar, se não totalmente invisíveis. ![]()
AUTOR DO POST
Danilo Teixeira
Editor do Termômetro Oscar | CETI
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