O diretor chileno Pablo Larraín fez sua estreia no Festival de Veneza com uma biografia que desafia o formato do gênero. “Jackie” retrata a primeira-dama mais icônica da história americana como um personagem extremamente complexo, indo de mãe a figura pública, vivido por Natalie Portman. Depois de apresentar em Cannes o anti-biopic “Neruda”, mais uma vez Larraín trouxe para a grande tela um longa que mescla biografia e drama. Dessa vez o diretor optou por contar a história de Jacqueline Kennedy logo após a morte de J.F. Kenndy. A produção acontece entre flashes em que a primeira-dama perde seu marido, dá entrevistas à mídia sobre o acontecimento e sai da Casa Branca. “Mesmo com seu eu emocionalmente dilacerado, ela está aqui retratada como uma mulher no controle sagaz de sua identidade, a alternância entre diferentes máscaras para a imprensa, público, e associados, e sem se esconder através de nada, somente quando está verdadeiramente sozinha”, analisa a Variety. Além de uma personagem cuja trajetória por si só já é capaz de render boa bilheteria, “Jackie” ainda é um prato cheio em direção de arte, de acordo com a imprensa. Afinal, uma mulher de elegância tão memorável como Jackie Kennedy não merecia um filme com menos do que isso. “Jackie é um filme muito impulsionado pelo personagem e desempenho, mas o esquema visual está totalmente em sincronia com esse objetivo, especialmente em uso constante do cinegrafista Stephane Fontaine com close-ups. O visual um pouco granulado é também eficaz em sua evocação do período, elegantemente capturado na produção concebida por Jean Rabasse”, critica o The Hollywood Reporter. Uma trama de peso merece uma atriz igualmente de peso para representa-la, como Natalie Portman. A atriz foi o foco dos elogios dos críticos presentes em Veneza, principalmente, por seu sotaque, sendo até comparada à Jessica Lange em alguns momentos do filme. “O desempenho de Portman - autoritário e multicolorido – é finamente saldo da oposição entre a figura acessível, do programa de 1961 e endurecida, historicamente ciente, mulher das sequências de entrevista”, diz o Screen Daily. A análise do site Indiewire vai além “[...] nada sobre "Jackie" funcionaria sem o desempenho magnificamente complexo de Natalie Portman. Você pode ver o personagem ascendendo de cena para cena com tanta emoção para mostrar”. Para muitos que assistiram “Jackie” em primeira mão, o longa é digno de uma nota A e tem tudo para estar entre os grandes da competição do Festival de Veneza, senão até do Oscar 2017. No entanto, a única falha, na opinião de alguns críticos, seria o roteiro simples demais no que diz respeito aos diálogos. Mas uma atuação forte sempre é inquestionável e já se tinha burburinhos de Oscar para Portman depois da exibição... “Jackie’ é o que acontece quando duas sensibilidades distintas - o Golias com prestígio em Hollywood e o Davi de inteligência brincalhona de Pablo Larraín, se encontram”, complementa o The Playlist. Ao que parece “Jackie” acompanha a sensibilidade e o visual encantador de “Mr. Turner”, com isso tem boas chances de integrar, pelo menos, os indicados à Melhor Direção de Arte e, talvez, chances de uma segunda estatueta para Portman, não seria demais. Vale lembrar, por último, que na produção do longa temos ninguém menos do que Darren Aronofsky, repetindo a parceria de sucesso que fez "Cisne Negro" toda aquela grandiosidade. Giovanna Pini - equipe CETI!
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