A diretora Ana Lily Amirpour ficou conhecida dois anos atrás com o longa "Garota Sombria Caminha pela Noite", ovacionado pela crítica. Agora, estreando em Veneza, com um orçamento bem mais generoso e um elenco realmente interessante, a diretora tenta afirmar seu espaço dentro de Hollywood. A premissa é, no minimo, interessante. "The Bad Batch" se passa em um futuro pós-apocalíptico, centrado numa comunidade de canibais que vive isoladamente no Texas, até a chegada de uma viajante. A protagonista do longa é Suki Waterhouse, mas é o elenco de apoio que mais chama atenção: Jim Carrey, Keanu Reeves, Jason Momoa, Diego Luna e Giovanni Ribisi. Guy Lodge, da Variety, de forma interessante, comparou o longa com a possibilidade de um governo Trump: "Na altura em que o candidato presidencial Donald Trump está defendendo a construção de um muro físico para proteger a pureza nacional da população americana, o conceito de ficção científica de "The Bad Batch" - em que uma variedade de supostos indesejáveis são exilados para fora da fronteira, do outro lado de um muro construído no Texas - não tão distópico assim". "Para muitos, o mundo e o estilo da história aqui apresentada vai evocar o amado sucesso do ano passado "Mad Max", uma obra menos explicitamente política que, no entanto, com o seu apelo progressista, é muito mais um filme sobre esses tempos. O filme de Amirpour é mais sinuoso e menos imediato no seu impacto" - escreveu Guy. David Rooney, do The Hollywood Reporter, elogia a parte técnica do longa: "The Bad Batch parece sensacional. O diretor de fotografia Lyle Vincent - também trabalhou com Amirpour em em seu primeiro longa, como o editor Alix O'Flinn e a figurinista Natalie O'Brien - dá os tons certos para o deserto, deixando tudo extremamente impressionante. Mas, a ferramenta mais afiada no arsenal do filme, é sua trilha sonora, que mistura hip-hop, faixas spaghetti que nos remetem a Morricone e um bom tanto de música indie". Andrew Pulver, do The Guardian, deu 3 estrelas em 5, dizendo que o filme tem um primeiro ato de tirar o fôlego, o que faz o espectador esperar que o longa seja insano! Mas que isso não acontece e o filme acaba perdendo seu ritmo inicial. Pulver ainda elogiou todo o time de atores e toda a atmosfera criada por Ana, dizendo que o filme poderia facilmente ser confundido com algum do Tarantino ou do Robert Rodriguez, mas que era mesmo uma pena que o filme não tivesse alcançado todo seu potencial. Por fim, "The Bad Batch" merece ser visto, principalmente por fãs do gênero, mas dificilmente deve ter qualquer visibilidade pelos membros da Academia. Ainda mais com um "Mad Max" tendo roubado toda a atenção na premiação mais recente, vai demorar um pouco para outro futuro pós-apocalíptico cair nas graças de Hollywood. Danilo Teixeira - equipe CETI!
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