Em tempos de globalização e avanços tecnológicos, a oferta de informação é tão acessível que em poucos segundos qualquer pessoa pode se inteirar de notícias dos mais recônditos lugares da Terra. Para que isto aconteça existem mídias que intermediam esta relação. Jornalistas fazem vezes de investigadores, para trazer à tona acontecimentos e fatos de interesse público, quer sejam polêmicos ou triviais. Com base nesta realidade "Truth" foi exibido em Toronto. Um drama jornalístico que gira em torno dos eventos que levaram à queda do então respeitado profissional Dan Rather. O jornalista Dan Rather (interpretado por Robert Redford) tem um currículo invejável, além de cobrir o escândalo de Watergate e assassinato do presidente Kennedy, foi o primeiro a conseguir uma entrevista com o presidente Clinton, na ocasião do polêmico caso com a estagiária Monica Lewinski. Entretanto, o filme de James Vanderbilt foca o caso que culminou no ponto final de sua carreira, quando seis questionáveis relatórios incriminavam o então presidente George W. Bush (que buscava a reeleição a época) em sua passagem pela na Guarda Aérea Nacional em 1972/73, caíram em suas mãos através da jornalista Mary Mapes, papel de Cate Blanchett. James Vanderbilt, além de estrear na direção neste filme, assina o roteiro adaptado do livro Truth and Duty: The Press, the President, and the Privilege of Power, de Mapes. Ele vai fundo no âmago da questão de sourcing, relatórios e nas estratégias do jornalismo em ligar os pontos de uma história misteriosa com perfeição, que segundo o THR é “um drama cativante”. Ponto para Vanderbilt, também autor do maravilhoso roteiro de "Zodíaco", de David Fincher. O título do filme parece referir-se à busca da verdade em vez da sua determinação absoluta. E a eficiência do roteiro encontra apoio nas performances de Redford e Blanchett, como também em um elenco afiado composto ainda por Dennis Quaid, Elisabeth Moss, Topher Grace e Stacy Keach. Entretanto, mas uma vez é Cate que brilha como estrela maior, numa interpretação de complexidade admirável. Toddy McCarthy, do THR ao afirmar que “Truth é abençoado com outra performance galvânica de Blanchett, que vem forte, mas de uma maneira muito humana como uma grande jornalista no melhor de sua carreira.” Os papéis coadjuvantes estão todos bem preenchido, corretos, porém com destaque para Stacy Keach. Merece destaque o trabalho de edição do filme, Richard Frances Bruce trabalha meticulosamente os atos do filme, conjugando bem com a ideia do roteiro. Enquanto o primeiro é acelerado, motivado pelo levantamento das informações que culmina em takes absolutamente fascinantes. O segundo ato encontra a cadência das cenas quando a temperatura emocional do filme sobe vários graus. O foco bloqueia, torna-se inabalável, quando Mapes e sua equipe estão sobre as brasas. Enfim, Toronto fez muito bem a "Truth". O filme sai em direção as premiações com muita segurança, mas principalmente fortalecido. Justin Chang, crítico do Variety, credita a qualidade do filme ao trabalho a Vanderbilt: “Apesar de seu tom comedido e exigente, ele nunca cai em uma postura de objetividade. [...] Seu cinema é tão limpo e simples como seu script, além de demonstrar grande química com os atores”. Não se espante em ver Cate Blanchett em indicação dupla. Se em "Carol" ela impressiona, neste ela tem tudo para alçar voos altos com Mary Mapes. Seu talento e postura são incontestáveis e em "Truth" ela brilha mais uma vez. Junto com "Spotlight", os filmes chegam para mexer com as bases do jornalismo, através de sucessos e fracassos. Já sabemos que a The Weinstein Company já decidiu seguir uma campanha para Blanchett ao Oscar 2016 de Melhor Atriz por "Carol" de Todd Haynes. Vendo esse cenário, a Sony deve colocar Blanchett na corrida de Melhor Atriz Coadjuvante para não disputar com ela mesma na categoria de protagonista - e adquirir mais votos no processo. Lembrando que Cate recebeu uma indicação dupla ao Oscar no passado. Em 2008 ela foi nomeada a Melhor Atriz por "Elizabeth: A Era de Ouro" e Melhor Atriz Coadjuvante por "Não Estou Lá" - e acabou não levando em nenhuma das duas categorias. Pelo sim ou pelo não, "Truth" também tem chances de ser um concorrente em Melhor Filme, Diretor, Edição e Roteiro Adaptado. A produção estreia em 16 de outubro nos cinemas americanos. E ainda sem data para cá. Juliana Leão - Equipe CETI
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