Enquanto Veneza começa a esquentar, o Festival de Telluride chega com tudo em seus poucos 4 dias de muitos filmes e muitas novidades! E o primeiro que vamos conversar sobre é "C'mon C'mon", o primeiro filme de Joaquin Phoenix depois de vencer o Oscar por "Coringa".
O longa é dirigido por Mike Mills, um dos roteiristas mais elogiados dos últimos anos, indicado ao Oscar por "Mulher do Século 20". Ele tem poucos filmes em seu currículo, mas são trabalhos elogiados e com indicações ao Oscar. Vale lembrar que "Toda Forma de Amor" deu o Oscar para Christopher Plummer. "C'mon C'mon" coloca Joaquin no papel de Johnny, um amável jornalista de uma rádio que cai de cabeça em um projeto que ele entrevista crianças de todas as partes dos EUA sobre questões sobre o novo futuro incerto. Sua irmã Viv (Gaby Hoffmann) pede sua ajuda para a ajudar a cuidar de seu filho de 8 anos chamado Jesse (Woody Norman) enquanto ela vai cuidar do pai da criança que sofre de doenças mentais. Johnny se conecta com o sobrinho de uma forma que ele não esperava o que o leva a partir em uma jornada de Los Angeles para Nova York e de lá para Nova Orleans. Mike Mills falou sobre seus pais em seus dois filmes anteriores, agora o foco é sobre a sua visão da paternidade (que pode ser assustadora e gratificante em igual forma). Joaquin surpreende ao fazer um personagem com problemas mais reais e preocupações cotidianas, depois de alguns filmes tão diferentes, e a sua relação com o garoto é um ponto muito forte do longa. Mills mais uma vez entrega um roteiro original, emocionante e consistente. Não me admiraria se tivesse uma nova indicação ao Oscar. Joaquin Phoenix entrega seu papel mais suave até o momento. O filme é carregado com detalhes incríveis. Os filmes de Mills sempre são, e "C'mon C'mon" permite que ele use a dinâmica ficcional entre Johnny e Jesse para explorar suas próprias inseguranças como pai. Também deixa espaço para notas graciosas: a maneira como Jesse empunha um microfone shotgun, Johnny lavando o cabelo do garoto na banheira. Mills mantém as coisas firmemente baseadas na vida real, de modo que até a decisão estilística de filmar em preto e branco parece uma extensão de seu compromisso simples com a autenticidade. Mike Mills faz filmes amáveis e inefavelmente graciosos sobre como as pessoas não sabem o que o futuro reserva ou como diabos elas devem chegar lá, e “C'mon C'mon” é definitivamente um deles. É estranho ver um filme onde Phoenix encarna um personagem "normal" frustrado pelas excentricidades das pessoas ao seu redor, mas ele nunca se sente como um alienígena vestindo uma roupa humana. O cinema de Mills é tão lúcido e empático - tão genuíno em sua busca pelo equilíbrio e tão ansioso para encontrar a plenitude na vida de todos - que é tão fácil perdoar o sonolento e modesto “C'mon C'mon" por seus erros, assim como perdoar os personagens do filme pelos seus próprios. É um filme frágil, mas perspicaz e emocionalmente satisfatório, filmado com intimidade afetuosa em preto e branco pelo grande cineasta irlandês Robbie Ryan e agraciado com uma trilha sonora brilhante dos irmãos Bryce e Aaron Dessner do The National que trabalha em conjunto com Mills em escolhas musicais ecléticas para moldar o ambiente envolvente. No primeiro papel de Phoenix desde o Oscar de melhor ator para Coringa, é divertido vê-lo implorar a outro personagem - um menino de 9 anos - para ser menos estranho. Esta nova abordagem reconfortante para fixações familiares é desprotegida e dolorosamente verdadeira. Sem soluções para nossa marcha visivelmente irreversível em direção à desgraça, o filme apoia a noção de que ninguém sabe se amanhã nossos problemas podem ou não mudar para melhor. Mills luta contra o desespero, não com falsa positividade, mas com compaixão por nossa incerteza unificadora. Como uma gota de água potável no oceano salgado, provavelmente não nos salvará, mas pode nos manter em ação apenas um pouco mais. ![]()
AUTOR DO POST
Danilo Teixeira
Editor do Termômetro Oscar | CETI
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