Chegou a hora!!! A temporada 2022 vai começar a dar seus primeiros nomes com essas duas semanas de Festival de Cannes! Spike Lee entrou no tapete vermelho como presidente do júri, sendo a primeira pessoa negra a ocupar tal função.
Spike Lee sempre muito político e pontual em suas críticas, não teve meias palavras e virou assunto internacional ao chamar Trump, Putin e Bolsonaro de bandidos: "Este mundo é governado por gângsters. O Agente Laranja (Donald Trump), o cara do Brasil (Bolsonaro) e o (presidente russo Vladimir) Putin. Eles são gângsteres e farão o que quiserem. Eles não têm moral nem escrúpulos. Esse é o mundo em que vivemos e nós precisamos falar contra bandidos como eles". Não preciso nem dizer que a Palma de Ouro de Spike Lee provavelmente deve encontrar filmes com forte teor político, inclusive isso deve ser incentivado pelo ótimo júri que o acompanha. Lembrando que Lee preside um júri composto por grandes nomes do cinema mundial, como o brasileiro Kleber Mendonça Filho ("Bacurau"), o sul coreano Song Kang-Ho (ator de "Parasita"), a francesa Mélanie Laurent (atriz de "Bastardos Inglórios") e a americana Maggie Gyllenhaal. Depois, quem tomou o tapete vermelho foi o elenco de "Annette". O longa de Leos Carax foi selecionado para abrir o festival e trouxe com ele Adam Driver, Marion Cotillard, Simon Helberg, Rila Fukushima, Kiko Mizuhara e Natalie Jackson Mendoza. A abertura teve um ar de reencontro. Depois de um ano sem estar em Cannes, a alegria de iniciar outra vez uma temporada no tapete vermelho era evidente. E em um ano tão complicado, ainda melhor e mais importante que os discursos políticos andem ao lado. Sejam bem-vindos ao Festival de Cannes 2021! "ANNETTE"
Existe por aí uma história de que abrir o Festival de Cannes dá azar. Nem consigo me lembrar qual foi o último filme de abertura que fez sucesso absoluto com a crítica e depois teve uma temporada de premiações pelo menos boa.
Pois bem, é a vez de Leos Carax estrear as salas de Cannes, e ele chega com um musical que promete ser no mínimo diferente. Não é por menos, já que seu último filme, que também passou por Cannes, foi "Holy Motors", que hoje em dia é considerado um clássico moderno cult, mas que foi visto com certa estranheza na época. "Annette" abre o festival de Cannes com Adam Driver e Marion Cotillard em uma diferente história de amor, resultado de uma parceria entre Leos e a dupla musical Sparks, que tinham como plano inicial lançar essas músicas como um disco. Vale lembrar que "Annette" também está em competição, então é até um pouco cedo falarmos sobre isso assim de cara, mas parece que o prêmio de Melhor Ator em Cannes pode já ter visto em Adam Driver um forte candidato. Adam Driver magnífico na abertura selvagem de Cannes!!! Annette é um espetáculo franco, declamatório e louco, oscilando na beira do penhasco de seu próprio colapso nervoso, exigindo que sintamos sua dor, sintamos seu prazer e o levemos a sério. Acho que não é tão imaginativo e complexo como o filme anterior de Carax, 'Holy Motors', e fiquei um pouco desapontado por haver relativamente pouco para Marion Cotillard fazer. Mas Adam Driver tem uma magnificência maligna, seu rosto perdendo progressivamente sua nobreza à medida que fica mais violento e deprimido. “Annette” chega em um pedestal do qual é facilmente derrubado. Esta última dose de estranheza do diretor de “Holy Motors”, Leos Carax - uma torturada história de amor de celebridades com música enlouquecedora de Sparks e estrelada por Adam Driver e Marion Cotillard - certamente se sairia melhor em uma posição de azarão do que ungida desde o início. Não é para todos, já que há pouca demanda por musicais de 140 minutos no momento, embora o grande experimento de Carax seja certamente ousado o suficiente para encontrar seu quinhão de defensores. O que vai bem com a honestidade insistente do autor francês é a virada de liderança excessivamente comprometida de Adam Driver. É o tipo de desempenho que os diretores tendem a receber apenas de nomes como Robert De Niro ou Daniel Day-Lewis: uma criatura furiosa que consome tudo à vista. Adam Driver brilha em uma ópera rock bizarra! O filme da noite de estreia no Festival de Cannes deste ano é uma loucura constrangedora que é quase impossível de suportar. É também um projeto de paixão ousado e único que o deixa boquiaberto de alegria. Adam Driver é uma força da natureza! Claro, também há um bebê de madeira que canta e o corte ocasional para um gorila melancólico, mas todos eles existem para apoiar uma causa maior. Tem grandes estrelas e uma trilha sonora de Sparks e um lugar privilegiado no maior palco do cinema internacional, mas a estreia de Leos Carax em Cannes, Annette, é um filme totalmente mais estranho, mais preocupante e pessoal do que se poderia esperar. Não tenho ideia do que o público de um festival, que se esbraveja por notícias e exageros depois de um ano ou mais preso dentro de casa, fará de algo tão tonalmente exterior e tão descarado, tão alienante. Mas eu suspeito que, senão outra coisa, esta imagem incrivelmente bela resistirá ao teste do tempo. Alerta Oscar![]()
AUTOR DO POST
Danilo Teixeira
Editor do Termômetro Oscar | CETI
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