O oitavo dia de Cannes começa com ar de prêmios. Quentin Tarantino entra pelo tapete vermelho com "Era Uma Vez em Hollywood", acompanhado de um sonoro burburinho de Oscar. E o cineasta coreano, Bong Joon-Ho volta para o festival com "Parasite", depois de estrear uns anos atrás com o elogiado "Okja". "PARASITE" Depois de passar por Cannes há dois anos com o curioso “Okja”, Bong Joon-ho retorna ao Festival com o drama “Parasite”. E mais uma vez ele consegue chamar a atenção com a sua produção, muito elogiada entre a imprensa e o público. O filme é um thriller obscuro e engraçado, que traz uma consciência social sarcástica da Coreia do Sul moderna. Um tipo de humor muito fino, daqueles que faz o espectador se envergonhar de rir em certas situações. Contudo, o destaque que se faz é a crescente desigualdade social que está escondida do conhecimento do mundo. “Uma gargalhada se transforma em um grunhido que fica preso na garganta como um soluço - ou uma flecha no pescoço - na última aventura selvagem de Bong Joon-ho chamada “Parasite”,” escreve Jessica Kiang, do Variety. No longa, a família de desempregados Ki-taek tem um interesse peculiar nos ricos e glamourosos Parks pela sua subsistência até que eles se envolvem em um incidente inesperado. “O longa é o rosnado mais cruel e o soluço mais desesperado do que jamais tivemos dele antes. "Parasite" [que significa parasita ] é um carrapato gordo com o sangue amargo de raiva de classe”, conclui. O trabalho de Bong Joon-ho chama a atenção, ele é um autor sui generis da Coréia do Sul porque sempre fez filmes que não se encaixam nos parâmetros estreitos de qualquer gênero em particular. Além de “Okja”, ele também foi o responsável pelos excelentes “Memórias de um Assassino” e “O Hospedeiro”. David Ehrlich, do Variety, destaca que o diretor foi para além dos gêneros cinematográficos, criando algo particular: “A diferença deste filme para os outros é que ele não se apoia em metáforas; pelo contrário, ele os ataca com uma grande variedade de objetos domésticos até que fique claro o quão possível todo o “Parasite” ser de fato real”. “Existe a sensação de que um cineasta só pode explorar questões sociais perniciosas com sobriedade estilística, e Bong não está nem aí para isso. Ele não tem medo de fazer grandes oscilações com suas produções, como é um diretor habilidoso, essas oscilações quase sempre se conectam.”, define Bem Croll, do The Wrap. “Paradise” foi uma aposta mais do que acertada pelo júri do Festival de Cannes, que parece passar o recado sobre querer ver mais filmes com esse grau de ambição e ao mesmo tempo deliciosamente realizados. Somente desta forma o Festival de Cannes continuará a apresentar o melhor do cinema mundial. "ERA UMA VEZ EM HOLLYWOOD" O festival de Cannes tem história com Quentin Tarantino. Foi aqui que, em 1994, "Pulp Fiction" venceu a Palma de Ouro e deu o empurrão inicial para a carreira incomparável e a vitória no Oscar. Foi aqui também que se fez a estreia de "Bastardos Inglórios", que é considerado sua outra obra-prima. Então, é com certa ansiedade, que "Era Uma Vez em Hollywood" chega pela primeira vez ao mundo. Primeiro vamos relembrar o elenco grandioso: Brad Pitt, Leonardo DiCaprio, Al Pacino, Margot Robbie, Tim Roth, Kurt Russell, Dakota Fanning e Michael Madsen. O longa se passa em Los Angeles, em 1969. Rick Dalton (Leonardo DiCaprio) é um ator de TV que, juntamente com seu dublê, está decidido a fazer o nome em Hollywood. Para tanto, ele conhece muitas pessoas influentes na indústria cinematográfica, o que os acaba levando aos assassinatos realizados por Charles Manson na época, entre eles o da atriz Sharon Tate (Margot Robbie), que na época estava grávida do diretor Roman Polanski (Rafal Zawierucha). Antes de começar a escrever, fui procurar sobre o que tinham dito do filme ter sido aplaudido por 8 minutos. E tanto a Vulture, quanto o THR e a Variety afirmam: Tarantino foi realmente ovacionado por quase 10 minutos. Alguns veículos dizem que foi apenas por 6 minutos, outros dizem que foi por 9. De qualquer forma, é um jeito de dizer para onde o filme caminha. O The Guardian de nota máxima, 5 estrelas em 5: "É chocante, emocionante, deslumbrantemente filmado nas cores primárias de celuloide do céu azul ao ouro do pôr do sol. Los Angeles de 1969 é recuperada com toda a intensidade habitual de Tarantino e delirante, em uma histérica apreciação dos detalhes da cultura pop. Mas há algo de novo aqui: não apenas a cinefilia erótica, mas a TV-filia, uma intensa percepção do fundo das telas pequenas para a vida de todos. As opiniões vão se dividir sobre o final surpreendente e espetacular deste filme, que Tarantino está preocupado em manter em segredo e que não tenho intenção de revelar aqui. Mas, certamente, é mais um longa do diretor que veio para ficar". O Screendaily enalteceu a química entre Leonardo e Brad, dizendo que a dupla é absolutamente boa de se ver na tela: "Para Tarantino, este é um filme quase de coração mole, embora ele tenha quebrado mais do que algumas cabeças no final. É consistentemente engraçado, com performances incríveis de Brad Pitt e Leonardo DiCaprio, e isso lhe dá um apelo potencialmente mais amplo do que alguns trabalhos recentes, rápidos e ultra-violentos do diretor (embora isso, por si só, possa decepcionar os fãs mais experientes). Críticas podem e serão feitas dessa frouxidão de Tarantino; as vinhetas que ele conta são todas perfeitamente formadas, mas são longas, algumas parecem aleatórias e podem fazer o filme parecer um pouco chato. Mas pode ser que esse nem seja o corte final do longa, que foi adiantado para estrear em Cannes". A Variety e a IndieWire fizeram uma publicação com críticas diversas que jornalistas presentes faziam pelo Twitter, então separamos algumas delas que parecem interessantes: "Tarantino não estava brincando quando disse que isso era o mais próximo de PULP FICTION que ele já fez. Ele manipula um mosaico de personagens e linhas de história em um presente, eventualmente, amarrando-os juntos para um final implacavelmente lúdico e comovente". "O mais recente de QT tem algumas das melhores sequências de sua carreira, mas também algumas das mais difíceis. Um belo filme ambicioso e enlouquecedor. Brad Pitt rouba o show. DiCaprio, como sempre, fantástico". "Historicamente duvidoso, tematicamente brilhante, QT encontra sua forma em filmes que poderiam ganhar a Palma de Ouro ou ser piquetada pelo público, ou talvez ambos. Emocionante, provocativo, cômico, intensamente inquietante". "Para ser completamente honesto, ainda não sei o que fazer com o filme. Precisa deixar este marinar, não ter uma reação instantânea. A maior parte do filme é muito boa, estou me divertindo vendo eles tocarem no final dos anos 60 em Hollywood. E o final é foda!" Bom, temos um novo Quentin Tarantino para a temporada. Entre algumas ideias mistas da crítica, o saldo final foi realmente positivo e podemos sim ficar de olho para indicações ao Oscar de Melhor Filme, Diretor, Roteiro, algumas categorias técnicas e quem sabe DiCaprio, Pitt e Margot Robbie? O longa pode não ser uma obra-prima como é considerado "Pulp Fiction", mas têm tudo para ser um dos grandes filmes da temporada. FOTOS DIA 8 Juliana Leão e Danilo Teixeira - equipe CETI!
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