O quinto dia de Festival foi revolucionário. 82 mulheres do cinema tomaram o tapete vermelho para protestar contra o machismo absoluto dentro de Hollywood e os filmes do dia foram políticos e absolutos em sua críticas. Girls on The SunNum dia determinante e histórico para o Festival de Cannes, em que 82 mulheres, profissionais do cinema, se reuniram no tapete vermelho para protestar contra a desigualdade de gênero e a favor da equiparação salarial, temos o debut da cineasta Eva Husson com o seu contundente e atual drama "Girls on The Sun". O desafio de falar sobre um filme em que a mulher é a protagonista de várias formas: dirigido por uma mulher e sobre um grupo de mulheres que lutam corajosamente contra o Estado Islâmico. Pode-se dizer que o longa recebeu críticas mistas ao final, isso porque ele não pareceu tão claro em delimitar a sua proposta, o que considerava certo e o que considerava errado. Peter Bradshaw, do The Guardian, preferiu ser positivo quanto a história: "Essas mulheres não são satirizadas e não estão dramaticamente sujeitas a essa contínua exposição à guerra que acabará por tornar qualquer soldado, homem ou mulher, dessensibilizado no que diz respeito a matar. [...] "Girls on The Sun" pode para dividir quanto as suas intenções. Para mim, ele é sincero, franco e musculoso." Entretanto a mesma opinião não foi compartilhada por Jay Weissberg, da Variety, que critica desde o roteiro, que chama de batido e que se encaixaria numa produção da década de 50, até as suas escolhas. "O longa é bem-intencionado, mas repleto de clichês que querem arrancar lágrimas. [...] A diretora em sua pesquisa fez com que criasse algo que tivesse o objetivo de gerar simpatia popular pela causa, mas escrever um filme de TV glorificado não era o caminho a seguir." Ainda se destacam as atuações de Golshifteh Farahani e Emmanuelle Bercot, que tentam garimpar no filme as melhores interpretações. Adotando um tom mais moderado na review, Jordan Mintzer, do The Hollywood Reporter, define que a trama tem traços levemente angustiantes, mas repleta de exageros, que acabam por tirar a sutileza, prejudicando um discurso que tinha tudo para ser digno. "Husson nunca nos deixa esquecer que esta é uma história de perigo, de mulheres corajosamente arriscando suas vidas. A diretora faz um bom trabalho tornando as cenas de batalha viscerais e poéticas, com fumaça e outros efeitos usados para ilustrar o nevoeiro de guerra que Bahar e Mathilde estão." No final se tem a impressão de que um excelente filme filme foi desperdiçado por escolhas ruins. Husson quer contar e esclarecer uma história importante e aterrorizante, que perturba a cada nova manchete sobre o assunto, porém apresenta uma abordagem que acaba por manipuladora e extravagante para o gênero. O resultado é um filme que parece mais fantasia do que realidade. Three FacesAssim como o russo Kirill Serebrennikov, que estreou no segundo dia de festival mas não esteve presente por estar cumprindo prisão domicilar, o diretor Jafar Panahi também não veio para Cannes, pois desde 2011 está cumprindo pena por fazer propagandas contra o governo. O longa fala sobre um cineasta e uma atriz de cinema que chegam a um pequeno vilarejo na fronteira com a Turquia para investigar a veracidade de uma mensagem enviada por uma jovem aspirante a atriz que, diante da pressão da família contra suas ambições artísticas, teria se suicidado. Panahi sempre foi considerado um cineasta revolucionário. E os aplausos da imprensa confirmar isso muito bem. A THR escreveu: "as ideias tradicionais sobre a virilidade masculina e o lugar da mulher em casa são desafiadas no alusivo pensamento de Jafar Panahi, '3 Faces' (Se Rokh). É o quarto longa-metragem que ele fez desde que foi oficialmente proibido de dirigir filmes pelas autoridades iranianas. Tão enganosamente simples como o seu título, que se refere a três atrizes do passado, do presente e do futuro, '3 Faces' é um cinema iraniano encantador no seu mais puro estilo. Desafiadoramente moderna em sua mensagem libertadora sobre a liberdade de escolha". O Indiwire também falou sobre a forma revolucionária do diretor, dentro de uma sociedade que prega tantos limites: "uma obra perspicaz da censura e opressão em uma sociedade. que aceita esses fenômenos como fatos da vida". Como costuma acontecer, o próprio Panahi é ator de seus filmes, que acabam sempre contando que pontos de vistas muito pessoais: "a certa altura, a mãe do cineasta o chama, preocupada com relatos de que ele está fazendo outro filme, desafiando a proibição do governo. Ele garante a ela que são apenas "rumores", e isso pode não ser uma mentira - "Three Faces" é mais um esboço de longa metragem, com um instantâneo de personagens projetados para ampliar a lente em um país determinado a estreitá-la" - escreve a Indiewire. Panahi entrega outro filme politicamente necessário e urgente. Que deve ter vida longa nos festivais ao longo do ano e pode conquistar algum prêmio dentro de Cannes. Fotos do dia 5
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