Cannes não para! No seu oitavo dia vimos o melhor e o pior das produções que estão estreando no festival. Além de mais uma vez a onipresente Nicole Kidman, a rainha desta edição, desta vez com o seu terceiro filme. Como é bom ver Sophia Coppola de volta ao festival, e vê-la com um ótimo longa é melhor ainda. "O Estranho que Nós Amamos" foi muito elogiado pela imprensa, não como um filme perfeito, mas um dos melhores da cineasta. Toda a atenção para o elenco sensacional composto por Nicole Kidman, Colin Farrell, Elle Fanning e Kirsten Dust, há sobrevida para eles. Quem não se saiu bem foi Jacques Doillon com o seu "Rodin", a estreia mais criticada no festival até o momento. Confira o que rolou no 8º dia do 70º Festival de Cannes. "O Estranho que Nós Amamos"O 70ª Festival de Cannes trouxe em sua seleção oficial alguns dos diretores mais prestigiados que já passaram outrora pelos tapetes vermelhos do balneário francês. Haneke, Hazanavicius, Haynes são alguns deles, e agora Sophia Coppola. Há muito tempo a cineasta deixou para trás o forte nome e tradição familiar que a acompanha, tornando-se uma das melhores de sua geração. Afinal, a vencedora do Oscar de Melhor Roteiro Original por “Encontros e Desencontros” produziu outros excelentes filmes como “Maria Antonieta” e “As Virgens Suicidas”. Este ano, ela volta a Cannes com “O Estranho que Nós Amamos”, um drama soturno que traz mais uma vez Nicole Kidman com bastante destaque nas telas. Na adaptação da obra de Thomas Cullinan e remake de 1971 com Clint Eastewood, Coppola contra sobre uma escola de meninas na Virgínia durante a Guerra Civil, onde as jovens são protegidas do mundo exterior. Um soldado da União ferido é levado para lá a fim de ser tratado. Logo, a casa é tomada por tensão sexual, rivalidades e uma inesperada virada de eventos. O primeiro destaque que a Indiewire dá é ao elenco espetacular, especialmente Kirsten Dunst, já vencedora de uma Palma de Ouro de interpretação por "Melancolia". "Ela é mais uma vez lançada como uma mulher com tanto para dar e para onde ir, mas esta é a primeira de suas personagens que realmente tem uma esperança legítima de escapar de seu limbo. Fantástica!", afirmam. Cabe a lembrança que Dunst é uma grande parceira profissional da diretora. Quanto a Kidman, já que todos os olhos em Cannes estão voltados para ela, traz uma personagem hiper-contida, uma mulher que está dividida entre luxúria, inveja e seus instintos maternos. Para o Variety, a atriz faz uma apresentação muito justa e correta. "Ela cria um dos raros retratos de um crente puritano que não é caricaturado como estamos acostumando a ver no cinema. Pela primeira vez, uma atriz faz andar o olhar reto e estreito, totalmente novo para ela, acostumada a personagens estridentes e afetados", declararam. Ainda há elogios a interpretação de Elle Fanning, que cada vez mais ganha projeção e respeito dentro do cinema, uma atriz que logo estará em uma produção com chances de Oscar para ela. Colin Farrell tem a missão de interpretar o mesmo personagem de Eastwood, mais contido, também vai muito bem em cena. Filmada na Madewood Plantation Hous, em Louisiana, o longa é quase totalmente confinado nos interiores do seminário. O filme de Coppola é contado com precisão cirúrgica e graça selvagem, sendo maravilhosamente trabalhado fotograficamente em uma embalagem madura e íntima em cada um dos seus quadros. Sobre o talento da cineasta, o Indiewire ainda pontua: "Este é o terceiro filme de época de Coppola, e mais uma vez ela usa as armadilhas de outra época para transmitir melhor a intemporalidade da falta e solidão, fluindo pela história como o corante químico fluorescente de uma varredura magnética." Por fim, o consenso geral é que Sophia "feminilizou" "O Estranho que Nós Amamos", de uma versão de Don Siegel que tinha uma forte carga erótica, ela realmente fez com que o filme ganhasse os traços da perspectiva feminina, com isso ele ganhou em prestígio. Se ele será o grande vencedor em Cannes ou se ele tem força para chegar até o Oscar, ainda não sabemos, porém, sem dúvidas, é uma das melhores estreias desta edição e um dos melhores de Coppola. O The Guardian recomenda: "É um filme que merece ser assistido, um drama-thriller com toques sutis de comédia negra e um tanto de cinema noir. Vale a pena!". "Rodin"No oitavo dia de festival, outro diretor francês chega no tapete vermelho! Trata-se de Jacques Doillon, que juntou-se com o ator Vincent Lindon, para contar sobre a vida do escultor Auguste Rodin. Na trama, que passa em 1880, Auguste Rodin (Vincent Lindon) já é bastante conhecido, mas nunca conseguiu nenhuma encomenta do Estado. Esta oportunidade chega aos 40 anos de idade, com a escultura "La Porte de l'Enfer". Enquanto trabalha, ao lado da esposa Rose Beuret (Séverine Caneele), apaixona-se pela aluna Camille Claudel (Izïa Higelin), sua aprendiz mais talentosa, que se torna sua amante. Quando este relacionamento escondido acaba, Rodin muda radicalmente a forma de seus trabalhos. As críticas do filme foram todas de médias para ruins. Uma das mais positivas, foi essa visão da Variety: "No centenário da morte de Auguste Rodin, Jacques Doillon oferece uma ferramenta educacional útil para quem estiver com preguiça de ir a um museu. Ou ler um livro. "Rodin" também pode ser visto como trabalho de preparação antes de ir para o Museu Rodin, um parceiro na produção do filme. O que não é tão bom para um público de cinema esperando mais do que uma lição de duas horas sobre a vida do artista". De ponto positivo, a Variety também falou sobre a direção de arte, que utilizou diversos locais reais que são belíssimos e também que a cenas internas foram iluminadas quase que teatralmente. Já o The Guardian deu apenas 1 estrelas em 5 e não se privou de fazer duras críticas: "Jacques Doillon dirigiu um filme absolutamente terrível sobre o escultor Auguste Rodin e ele precisa sentar e pensar sobre o que ele fez. O filme a todo momento fala de paixão. Mas a única paixão que este filme é susceptível de incitar em qualquer lançamento no cinema, será o público se aglomerando em torno da bilheteria, gritando por seu dinheiro de volta". E falou também sobre os atores: "Todos os atores aqui fizeram grandes apresentações no passado. Mas eles estão completamente à deriva aqui, em papéis que nunca funcionam". O THR também não polpou palavras: "As magníficas esculturas de Auguste Rodin evocam sentimentos de paixão, êxtase, sofrimento profundo, pensamento intenso e talvez acima de tudo, movimento perpétuo - como se fossem obras contínuas em andamento que foram temporariamente congeladas no tempo. É tanto mais lamentável, então, que este novo trabalho do veterano diretor francês Jacques Doillon se sinta freqüentemente tão rígido e sem vida quanto uma velha laje de mármore". E o THR conclui: "Rodin pode ser bom com as mãos, mas gostaria que ele fechasse a boca de vez em quando. Não que isso seja necessariamente a culpa de Lindon, que é bastante perfeito para o papel com seus antebraços maciços, olhar intenso e a maneira como ele parece estar constantemente esculpindo tudo e todos com sua mente. Mas boa parte do filme tenta dramatizar a vida de Rodin sem sucesso, com uma série de cenas domésticas bastante ridículas, e algumas cenas rápidas de alguns dos mais famosos artistas e escritores franceses (Cezanne, Monet, Zola, Mirbeau)". "Rodin" teve a pior estreia no festival até então. Lembrando de outros filmes em edições passadas que também estrearam assim, dificilmente o longa de Doillon terá longa vida nos festivais. FOTOS DIA 8Juliana Leão e Danilo Teixeira - equipe CETI!
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