Chegamos ao último dia de exibições na competição oficial no festivo 70º Festival de Cannes. Exibindo um cinema de excelência, repleto de boas histórias, grandes atuações, cineastas consagrados e da nova geração, além das velhas (ou novas?) e boas polêmicas que sempre pairam no ar do litoral francês. Para encerrar Roman Polanski e Lynne Ramsay. "Based on a True Story" foi a decepção do dia, um filme menor e preguiçoso da carreira de Roman Polanski, uma adaptação estranha e sem brilho, ou melhor, só se destacam o brilho dos olhos da sempre bela Eva Green. A última exibição concorrente marca o retorno de Lynne Ramsay com o drama "You Were Never Really Here", elogiado não só pelo bom trabalho da diretora, como também a performance de Joaquin Phoenix. Confira o que as reviews falaram sobre o último dia de exibição oficial: “Based on a True Story”Uma das características boas de Cannes é a oportunidade de ver nomes consagrados do cinema disputando a Palma de Ouro ao lado de outros desconhecidos do grande público em geral. Um encantamento assistir produções de escolas e origens diferentes, ver aqueles que fizeram o cinema, que suas histórias se misturam com as da sétima arte. Roman Polanski está de volta ao festival do qual já foi presidente de júri e vencedor. Se "O Inquilino" e "O Pianista", vencedor da Palma de Ouro e que deu a ele o Oscar de Melhor Diretor, fizeram sucesso antes, dessa vez não encontrou o mesmo efeito com "Based on a True Story". O longa foi considerado uma produção menor da brilhante filmografia do diretor. Adaptado por Olivier Assayas ("Personal Shopper") do romance de Delphine De Vigan, sobre uma autora em pleno processo criativo que é perseguida por uma fã, a produção tem aquele estilo teatral visto nos últimos "Deus da Carnificina" e "A Pele de Vênus", todavia infelizmente sem a mesma qualidade. O Independent foi o primeiro a reclamar da falta de qualidade do longa, atribuindo aos vários clichês. "Este filme simplesmente trota em cima de clichês que falam sobre a necessidade de escrever a partir do coração e sobre o experimentalismo. Este é o primeiro filme de Polanski a ter duas mulheres como protagonistas centrais. Infelizmente, é tratado de uma maneira tão superficial que ele não consegue explorar significativamente a tensão, o ciúme e a rivalidade entre elas. O que são todos os elementos de um grande conto, mas Polanski não separa adequadamente a fantasia do real." "Em última análise, a verdadeira qualidade redentora do filme pode ser que, uma vez que você desprenda algumas camadas de seu meta-discurso distorcido e exagerado, "Based on a True Story" oferece um retrato surpreendentemente sincero e astuto de quão traumático é o início de uma grande e nova amizade. Filmes que retratam a convergência progressiva de dois personagens parecem preocupados com espelhar a atração romântica, pois estamos muitas vezes melhor equipados para lidar. Contudo, o fim de tudo é tão anti-climático que deixa você sentado lá, se perguntando como poderia ter valido a pena.", sacramenta o Indiewire. Quanto as atuações da dupla protagonista, não há nada de novo ou brilhante, o que não ajudou muito o filme das críticas de sua má adaptação. "Emmanuelle Seigner, que é esposa de Polanski não encarna nem um pouco os transtornou de uma escritora em processo de produção de um novo livro, uma pena, já que esteve maravilhosa em "A Pele de Vênus". Eva Green é tão deliciosamente sinistra em quase tudo o que ela fez, que mais uma vez traz seu olhar eclipsante. Contudo a química aqui quase não sobe acima da temperatura ambiente.", afirma o Variety. Em meio a Haneke, Haynes, Coppola, Hazanavicius e tantos outros nomes de destaque do cinema, Polanski aqui decepcionou ou não, já que infelizmente não haviam grandes expectativas em torno da produção. "Based on a True Story" não é a pior exibição desta edição do festival, mas sem dúvidas é mais um exemplo daquele cinema estranho que estamos acostumados a ver na tv nas noites de sábado. Uma pena. “You Were Never Really Here”Último filme exibido na competição oficial desta edição do Festival de Cannes, "You Were Never Really Here" marca a volta de Lynne Ramsay aos tapetes vermelhos do balneário francês, agora junto de Joaqhin Phoenix e Ekaterina Samsonov. A diretora já ganhou dois Prêmios do Júri de Melhor Curta pelas produções "Small Deaths" e "Gasman", além do C.I.C.A.E. Award e Award of the Youth por "Morverm Callar". Em sua última passagem no ano de 2011, exibiu "Precisamos Falar Sobre o Kevin", um dos melhores filmes da temporada. Ramsay é uma cineasta brilhante, que há anos desponta no cinema trazendo pequenas "obras primas modernas", como costumam afirmar os críticos. Entretanto é característica de seu cinema que ela faça pausas prolongadas entre uma produção e outra, além de sempre preferir filmes pequenos e independentes. Quando a produção fica grande demais, como "Jane Got a Gun", em que foi escolhida como diretora, ela pula fora, como fez depois de um dia de trabalho. Aqui Ramsay conta sobre a tentativa de um veterano de guerra para salvar uma menina de uma organização de exploração sexual, que dá terrivelmente errado. "You Were Never Really Here" é incontestavelmente emocionante, um engenho bem enrolado de energia nervosa, tristeza e sangue, mas é ao serviço de uma história que foi contada inúmeras vezes antes e não está claro o ponto de vista que está em jogo. Contudo, ela é mestra em trabalhar sob uma perspectiva de desorientação estratégica, retendo informações e forçando o espectador a sentir o que está acontecendo, ao invés de decifrá-lo logo", destaca a Vulture. Quem também ganhou destaque nas reviews sobre o filme foi o protagonista, Joe, não só pelo bom trabalho de Phoenix, mas por toda a construção de personagem. "Ramsay abusa de referências culturais para compor Joe. Ela nunca lança essas referências por simples diversão, tudo está vestido pela metalinguagem, fazendo parte de sua estratégia para tornar Joe um rico composto cinematográfico, um personagem uber. A complexidade da arte de Phoenix é tal que ele pode uivar interiormente pela vingança e simultaneamente sentir o horror total da violação de uma jovem, com um suspiro de riso incrédulo direto da forca.", conforme aponta o Telegraph. Já para o The Hollywood Reporter, o longa tem dificuldades em manter o thriller em boa qualidade durante todos os minutos visto em tela. Tudo está em volto de um agradável esforço de realmente exibir algo bom, porém que sem dúvida poderia ser melhor. "Uma vez que o corte que estreou em Cannes não tinha créditos finais, espero que haja espaço para mais refinamento antes que ele finalmente entre em processo de distribuição pela mundo.", destacam. Uma curiosidade é que "You Were Never Really Here" foi comprado pela Amazon para ser exibido nos EUA. Mais um filme de Cannes que não chegará as salas de cinema e sim diretamente através de streaming, pelo menos nos EUA. Uma boa surpresa que pode resultar em prêmios. FOTOS DIA 11Juliana Leão - Equipe CETI!
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