O início dos anos 2000 ficou marcado na carreira de Nicole Kidman pela quantidade em sequência de ótimos trabalhos, tanto que ganhou o Oscar por “As Horas”. Depois ela experimentou momentos de altos e baixos, até se reencontrar há cerca de três anos. Tanto no cinema, como na televisão, ela emenda grandes personagens, indicações, prêmios, reconhecimento em Cannes e novos projetos, um atrás do outro. O mais recente é “Destroyer”, de Karyn Kusama, que acabou de ser lançado em Telluride e trouxe os holofotes novamente para ela. Talvez a grande sacada de Kusama ao fazer o filme, tenha sido aproveitar as possibilidades de desconstrução que Kidman oferece como atriz e trabalhar a personagem em volta disso. Erin Bell está quebrada, com raiva e empenhada em se vingar; e uma mulher ferida pode entrar em muitas lutas. No longa ela interpreta uma detetive de polícia que reencontra pessoas de seu passado durante uma missão secreta, tirando a sua paz. “A cineasta fez um filme em meio a uma Los Angeles noir e impulsionado pela energia incessante de uma mulher lutando para assumir o controle das circunstâncias, não importando o pedágio físico para isso”, comenta Eric Kohn, da Indiewire. “Destroyer” não é um filme policial de fácil entendimento, o que se deve ao roteiro de Phill Hay e Matt Manfredi, bem como as escolhas da diretora. “Kusama não distorce as regras do gênero, mas apresenta uma complexidade estrutural que se torna cada vez mais clara, ao longo do tempo de execução de duas horas”, completa Kohn. As vezes se tem a impressão que leva um tempo para fazer as corretas conexões de contexto para as situações e para apresentar ao espectador uma justificativa satisfatória para o que se está vendo. Alguns dos trechos mais letárgicos acabam prejudicados por uma sonolência. Sobre a desconstrução que Nicole é capaz de fazer, o Variety aponta que isso vai muito mais além do que o físico. “Kidman sempre foi um camaleão, mas neste caso, ela não muda apenas a cor de seu cabelo (ou usa um nariz falso como em “As Horas”); ela desaparece sob uma pele inteiramente nova, reorganizando suas entranhas para caber na pele dura da personagem”, admira Pedro Debruge. Erin tem danos psíquicos graves, reflexos de uma vida muito difícil, ela é uma protagonista completamente infeliz e de mau humor com a vida. Nicole entre dentro desse muito e se apaga para só Erin existir. Ao final, a experiência de assistir “Destroyer” é completada pela trilha do compositor Theodore Shapiro, que traz a tensão na medida certa. Ainda a fotografia noir de Julie Kirkwood, que lembra muito “Los Angeles: Cidade Proibida” e “Chinatown”. “Kusama parece querer deixar sua história em algum tipo de ala sobre trauma existencial, um local de detenção que você nunca pode realmente deixar.”, define Toddy McCarthy, do The Hollywood Reporter. Kidman está em corrida dupla no Oscar 2019, ela poderá ser vista em “Boy Erased”, mas ao final é a certeza que estamos vendo um grande atriz no seu melhor, isso é raro. Juliana Leão - Equipe CETI!
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