Diretor egípcio produz longa para contar a versão árabe de "Sniper Americano", de Clint Eastwood.

Quando recebeu seis indicações ao Oscar em 2015, a imprensa cinematografica não sabia explicar a rápida ascensão de "Sniper Americano", de Clint Eastwood. Naquela temporada a produção não era considerada como uma certeza nas premiações, estava a margem dos longas que prometiam estourar e faturar estatuetas, afinal toda a disputa estava concentrada em "Birdman" e "Boyhood", com os super sucessos "O Jogo da Imitação", "Grande Hotel Budapeste", "Whiplash" e "Selma" compondo os concorrentes.

Mesmo com o sucesso de bilheteria e um Oscar de Melhor Edição não o afastaram das críticas e polêmicas, principalmente por parte dos grupos que apoiam a retirada das tropas americanas do Oriente Médio e se pões contra as políticas de guerra adotadas pelo país. Eles classificavam "Sniper Americano" como um filme que promovia a guerra. Mesmo quase três anos depois, as polêmicas ainda  não acabaram, agora internacionais.

Um dos mais prestigiados diretores egípicios Amr Salama recentemente declarou sua opinião a respeito da fita: "Eu odiei. Essa foi a minha inspiração: eu odiei tanto o filme que quis mostrar o outro lado da história, o lado do vilão". A resposta do cineasta virá em forma de longa metragem. "Estou fazendo um filme anti-guerra, pois considero que "Sniper Americano" era um filme pró-guerra." 

"Iraqi Sniper" é o título provisório da produção, que irá contar a mesma história mas pelo ponto de vista do atirador iraquiano Mustafa, responsável por centenas de mortes. O personagem, que faz parte do filme de Eastwood, será interpretado pelo mesmo ator Sammy Sheik. "Ele é o herói no meu filme", completa Salama, que será o diretor. Hany Abu-Assad, diretor indicado a dois Oscar de Melhor Filme Estrangeiro por "Omar" e "Paradise Now", cuidará da produção.

Cabe lembrar que Clint Eastwood já fez um trabalho semelhante ao contar os dois lados de uma mesma história - parte da 2ª Guerra Mundial - em "Cartas de Iwo Jimma" e "A Conquista da Honra" em 2006. Ambos foram indicados ao Oscar, tendo o primeiro vencido a categoria de Melhor Edição. O pensamento que fica é se a empreitada de Salama terá o mesmo impacto nas premiações e nas discussões políticas sobre a guerra como a produção americana teve.

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Juliana Leão - Equipe CETI!