Depois de vencer o Oscar, produtora de Michelle e Barack Obama lança "Crip Camp", sobre aceitação e luta pelos direitos inclusivos!

O primeiro trailer revelado de “Crip Camp” confirma uma das últimas tendências do cinema mundial: usar de seu espaço de fala para dar voz às minorias e fazer crítica ao comportamento irreflexivo da sociedade quando esta se depara com grandes problemas estruturais: racismo, xenofobia, homofobia, o espaço hostil dos lugares assolados pelas guerras, ou neste caso, o puro preconceito com aqueles chamados de “crippled” ou “disabled”: os incapacitados.

O longa, dirigido por Nicole Newnhan e Jim LeBrecht, traz para as telas a história de um lugar de aceitação e de alegria: o acampamento Jened, criado por e para pessoas com necessidades especiais.

​O trailer já começa recheado de found footage vindas dos anos 1970, como uma homenagem ao lugar que fez os dois diretores se sentirem aceitos fora de sua própria casa, trazendo também no repertório, nomes importantes que se firmaram nas décadas seguintes na luta por direitos mais inclusivos aos incapacitados. Fenômeno que ganhou espaço e mudanças bem-vindas dentro do governo Obama.

Em entrevista ao portal IndieWire, LeBrecht afirmou que sempre quis contar a história deste lugar especial, onde se sentiu aceito, mas que por suas condições sempre foi muito difícil achar recursos ou simplesmente alguém interessado em ouvir seus projetos. Foi quando começou, juntamente com Nicole, a partir de um brainstorming, formar o que viria a ganhar espaço na plataforma da Netflix, anos depois. Como influência, os dois citaram diversos diretores que sempre trataram do tema da autodescoberta e da aceitação na fase da adolescência com muita delicadeza e tato, como John Hughes. E fenômenos da aceitação em tempos de crise, como Harvey Milk.

O público mirado pelos diretores somos nós, para que possamos nos identificar com a luta vivida por eles, e entender a importância de um espaço mais inclusivo, e no processo, nos engajar plenamente na busca por uma sociedade que veja isso como algo obrigatório em seu funcionamento e não opcional.

Não me surpreenderia em ver este documentário entre os indicados para o Oscar do ano que vem, e muito menos se ganhasse, afinal, o longa já levou para casa o Audience Award no Festival de Sundance e tem em sua fundação os nomes de peso de Michelle e Barack Obama, que em sua primeira incursão pelo território cinematográfico do documentário, já arrebataram a estatueta do Oscar 2020 na categoria de Melhor Documentário por "Indústria Americana", também disponível na Netflix. 

---

Marina Morato - equipe CETI!