Em uma entrevista à Screen International na quinta-feira, o ator David Oyelowo falou sobre um dos episódios mais polêmicos da história recente da Academia. Em 2014, "Selma" estreou como um dos filmes favoritos para o Oscar. O longa mostrava a trajetória de Martin Luther King Jr., acompanhando a histórica marcha feita por ele e por manifestantes, de Selma, até a capital do estado do Alabama. O filme foi um sucesso absoluto de crítica, com 4 indicações ao Globo de Ouro. A surpresa se deu quando filme foi indicado apenas 2 Oscar: Melhor Filme e Melhor Canção. "Selma" era esperado ao menos na categoria de Roteiro, Ator para David e Direção para Ava Duvernay. Inclusive, aquele se tornou um dos primeiros polêmicos #oscarsowhite, que foi o protesto feito em Hollywood por causa das categorias terem apenas atores brancos. Naquele ano, um homem negro chamado Eric Garner foi morto por um policial em uma abordagem violenta. O policial o estrangulou por cerca de 20 segundos. O homem repetia constantemente o quanto não conseguia respirar, mas o policial não o soltou. Na estreia de "Selma" o elenco fez um protesto usando camisetas com os dizeres: "I Cant Breath". Na entrevista David falou sobre aquela temporada: "O elenco do filme de 2014 "Selma" vestiu camisas de "Não Posso Respirar" em homenagem a Eric Garner, que os policiais de Nova York mataram brutalmente naquele ano, o ato simples, mas poderoso, ofendeu os membros votantes da Academia e contribuiu para a falta de reconhecimento do filme no Oscar". David ainda disse: "os membros da Academia chamaram o estúdio e nossos produtores, dizendo: ‘Como eles ousam fazer isso? Por que eles estão mexendo com essa merda? Não vamos votar nesse filme porque não achamos que é o lugar de fazer isso". A diretora, Ava Duvernay, confirmou a história, dizendo que esse é o motivo pelo filme não ter alcançado tudo o que merecia naquela temporada, alguns votantes fizeram uma campanha contra "Selma". Mesmo com vitórias recentes de filmes como "12 Anos de Escravidão" ou "Moonlight", Hollywood segue fazendo escolhas polêmicas e consideradas racistas. A vitória de "Green Book" como Melhor Filme dois anos atrás gerou uma espécie de descontentamento coletivo, pois além de não ser considerado um grande filme, amenizava questões relevantes e falava de forma imprecisa sobre o racismo no Estados Unidos. Ainda falta um longo caminho para a Academia mostrar que realmente se importa com histórias e artistas negros e que não dá voz a eles apenas por apelo popular. Danilo Teixeira - equipe CETI!
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