Enquanto vemos as estreias de Toronto, a HBO se prepara para lançar o próximo filme de Clint Eastwood, "Cry Macho". Protagonizado e dirigido por ele próprio, o longa já chama a atenção na internet, pelo fato do astro ter mais de 90 anos e ainda estar com tudo na sua carreira.
Clint Eastwood faz o papel de uma ex-estrela de rodeio e criador de cavalos que, em 1978, arruma o emprego de um garoto para o pai, longe de sua mãe alcoólatra. Atravessando a zona rural do México em seu caminho de volta para o Texas, a dupla improvável enfrenta uma jornada inesperadamente desafiadora, durante a qual o cavaleiro cansado do mundo pode encontrar seu próprio senso de redenção ensinando ao menino o que significa ser um bom homem. O longa tentou chegar aos cinemas por 40 anos, passando por diversas mãos, diversos atores envolvidos (como Arnold Schwarzenegger e Pierce Brosnan) até enfim cair com Clint. A estreia não foi tão boa, sendo considerado um filme bem parado e nada tão emocionante como outros grandes momentos da carreira do diretor. Mas, mesmo assim, a atuação de Clint, de volta ao papel de cowboy, fala muito alto na memória afetiva do público e isso pode fazer o filme ter uma aceitação muito boa! Eastwood continua sendo um cineasta de um classicismo divertido e eterno, mas este road movie é um caso menor. Aos 91, Clint Eastwood ainda sabe como dirigir um filme com um estilo clássico agradável e limpa, algo que você gostaria que mais diretores soubessem (ou quisessem). Como cineasta, Eastwood ganhou o direito de ser chamado de eterno. O que é mais surpreendente sobre alguns dos últimos filmes de Eastwood é sua narrativa ineficiente. O que alguns de seus melhores, e até mesmo alguns de seus filmes mais medíocres, têm em comum é uma robustez antiquada que nos desliza do primeiro ao segundo ao terceiro ato com um profissionalismo rígido. Em vez disso, Cry Macho é perseguido por um ritmo lento e uma inércia que oprime, cena após cena de nada, não uma linha engraçada ou um momento comovente ou um conflito não resolvido, apenas nada. O título e o trailer sugerem um thriller de ação potencialmente violento e provavelmente triste. O filme em si é algo totalmente diferente. A simples sinceridade sobre o que vale a pena na vida é a razão de ser do filme. Nada mais e nada menos. Ele não precisa de envelhecimento porque tem as memórias do público do seu lado. A dicção de Eastwood pode ser estranha, suas costas curvadas, seu corpo instável - mas ele é perfeito para o papel porque nós queremos que ele seja. Esta é uma história tão antiquada em seus conflitos convenientemente resolvidos, invenções e sentimentalismo que deveria ter sido deixada na prateleira (...) Esta é uma entrada secundária na filmografia dos anos crepusculares do prolífico Eastwood, e embora forneça ao ator oportunidades para escavações autodepreciativas em sua personalidade lendária, a escrita é muito estreita e pouco sutil para essas observações pousarem. A direção normalmente sinuosa também apresenta uma lentidão decepcionante, resultando em algumas performances sem brilho. Apenas a filmagem atmosférica de Ben Davis das paisagens arrebatadoras dá a este filme fraco alguma amplitude. Um road movie que, considerando quem o fez, começa bem longe nessa estrada, "Cry Macho" é familiar e solto, às vezes irritantemente, ocasionalmente estremecedor, e em alguns momentos genuíno de maneiras que ninguém mais parece saber como faça mais. A simplicidade da história que Eastwood está contando parece se adequar ao seu estilo simples e sem verniz. “Cry Macho”, com suas paisagens atraentes, mas não indulgentes (filmadas no Novo México) apoiadas por uma trilha sonora de Mark Mancina, se esforça para rejeitar qualquer coisa que possa cheirar a falsidade ou fingimento. ![]()
AUTOR DO POST
Danilo Teixeira
Editor do Termômetro Oscar | CETI
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