Com Viggo Mortensen e Mahershala Ali, "Green Book" é uma boa surpresa no Festival de Toronto!

​Quando os filmes selecionados para está época de festivais começaram a sair, “Green Book” apareceu como uma surpresa. Uma produção silenciosa, sem chamar muita atenção da impressa e, aparentemente fora das previsões para premiações. Um filme independente, porém com dois atores queridos e de destaque, Viggo Mortensen e Mahershala Ali. “Green Book” passou a receber holofotes e bastante curiosidade. Estreou ontem no Festival de Veneza, e se demonstrou uma surpresa muito boa.
 
O primeiro ponto a chamar a atenção neste drama é a direção de Peter Farrelly, conhecido por suas comédias nada corretas como “Debi & Lóide” e “O Amor é Cego”, além do clássico “Quem Vai Ficar com Mary?”. Só que é um filme somente de Peter, sem a tradicional parceria com seu irmão Bobby. Além de que “Green Book” não é um filme de comédia, mas um denso drama. A história real de um humilde trabalhador ítalo-americano, que se torna o motorista de um pianista afro-americano durante uma turnê nos estados do sul americano durante a década de 60.
 
As reações ao longa tem sido interessantes, quase todas elas pautadas na surpresa. “Farrelly, tão acostumado a receber reações extremas do público com suas comédias, mostra que ele é igualmente bom não apenas nos momentos engraçados que fez em “Green Book”, mas também nas suas batidas dramáticas mais silenciosas”, Benjamin Lee, do The Guardian. Farrelly e a Universal conseguiram fazer um filme interessante e que conta uma história real muito fascinante.
 
Esta empreitada solo no cinema agradou a crítica, tanto que contrariou algo muito comum em exibições nos festivais. Segundo o relato de Steve Pond, do The Wrap: “Enquanto as principais produções ganham exibições públicas, recebem convidados e tem um monte de jornalistas atrás, as exibições Press & Industry (somente para jornalistas e outros profissionais do cinema) geralmente terminam em silêncio mortal enquanto todos se apressam para chegar ao seu próximo filme. Entretanto, no final de “Green Book” ele recebeu minutos de aplausos, foi de longe a maior recepção em qualquer exibição de P & I que participei nos últimos seis dias”. O filme tem superado expectativas.  
 
As atuações de Viggo Mortensen e Mahershala Ali são um verdadeiro presente. A química entre eles criam uma história de muito bom gosto. “Mortensen habita o personagem com uma espécie de autenticidade que dá a alguns dos confrontos mais pesados uma profundidade surpreendente. Já este é o primeiro papel nos cinemas de Ali desde a sua vitória no Oscar por “Moonlight”. Ele permite se transformar poderosamente, pois se feito da maneira errada poderia ter caído instantaneamente em uma caricatura crua. Ele está real”, acrescenta Eric Kohn, da Indiewire.
 
As reviews se dividiram em fazer comparações entre este filmes e outros notáveis. Enquanto uns falavam que lembrava muito “Conduzindo Miss Daisy”, ele também lembrou “Estrelas Além do Tempo”. Este último fazendo uma crítica, pois quando ele estreou há dois anos foi taxado como um filme de grande potencial que ao final ficou tacanho. “Green Book” tem uma dinâmica criativa familiar e conservadora, o que parece bastante antiquada neste momento. Entretanto, ele tem o intercâmbio humano, realizado por dois atores excelentes e de forma responsiva. No final faz com que ele seja fácil e prazeroso”, afirma Todd McCarthy, do The Hollywood Reporter.
 
O desafio de Farrelly e da Universal é vendê-lo além de ser um filme agradável de ver. Não parece uma tarefa fácil, em face da quantidade de grandes produções na disputa pelo Oscar. Contudo, existem muitos méritos aqui e os aplausos ao final da sessão podem ser convertidos em uma campanha sólida para Mortensen e Ali, além de seu bonito roteiro. O Oscar 2019 pode ser sim uma meta a ser alcançada. 

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Juliana Leão - Equipe CETI