Em 2014 a Academia ocasionou um momento histórico ao entregar o Oscar de Melhor Filme pela primeira vez para um cineasta negro: Steve McQueen; que também como produtor ergueu a estatueta por “12 Anos de Escravidão”. O longa levou igualmente em Melhor Roteiro Adaptado e quebrou outro tabu com a vitória do segundo afro-americano roteirista, John Ridley. Além disso, a novata Lupita Nyong’o faturou como Melhor Atriz Coadjuvante e tornou-se a sexta atriz negra a ser premiada na categoria.
O que a Academia não esperava era o que iria acontecer nos dois próximos anos. Primeiro, em 2015, depois do filme “Selma: Uma Luta Pela Igualdade” acabar sendo ignorado nas principais categorias do Oscar – principalmente em atuação, aonde David Oyelowo se destacava – assim, o público começou a debater o possível preconceito que a Academia parecia carregar. Afinal, todos os indicados ao prêmio de atuação foram direcionados para atores brancos e a diretora de “Selma”, Ava DuVernay, indicada ao Globo de Ouro, também havia sido esnobada. A Academia foi chamada pelo grande público de preconceituosa e machista e, logo após a premiação, sobrou um sentimento de dúvida sobre o próximo ano. Ao chegarmos ao Oscar 2016 a polêmica apenas aumentou! Afinal, mais uma vez todos os indicados na categoria de atuação eram brancos, mesmo tendo alguns nomes que pareciam como possíveis na corrida, como: Will Smith por “Um Homem Entre Gigantes”, Idris Elba por “Beasts of no Nation” e Samuel L. Jackson por “Os 8 Odiados”. Após a Academia apresentar os indicados, a hashtag #OscarSoWhite tomou conta da internet e uma mobilização geral foi sentida. No momento seguinte, as proporções ficaram ainda maiores quando o diretor Spike Lee e atriz Jada Pinket Smith se pronunciaram a respeito afirmando que irão boicotar a cerimônia do Oscar 2016. Mais atores se mostraram a favor do boicote, como Will Smith e Mark Rufallo, outros apenas se pronunciam a respeito, como George Clooney, que levantou uma questão ao lembrar que esse é um problema da indústria, que não oferece filmes de destaque para profissionais negros. A presidente da Academia, Cheryl Boone Isaacs, também se pronunciou e disse estar insatisfeita com a falta de representatividade. Foram anunciadas medidas emergências para as próximas premiações, como a abertura de novos membros dos mais diversos países, idades e raças. Além do desligamento de vários votantes da Academia que não estão em ativa na indústria cinematográfica. O comediante Chris Rock, que será anfitrião da cerimônia, já afirmou que reescreveu algumas de suas piadas e discursos. Provavelmente ele carrega uma das maiores pressões dentre todos os anfitriões dos últimos tempos no Oscar. Ao lado, preparamos uma análise do histórico da diversidade dos negros na premiação. Por fim, separamos duas opiniões interessantes a respeito do momento atual de Hollywood. |
Então, deixamos algumas perguntas: esse é um problema atual de Hollywood? Seria um preconceito da Academia ao não buscar a diversidade, ou da indústria e das produtoras por não entregarem e/ou incluírem papéis fortes e marcantes para atores negros? E, qual a melhor medida a ser tomada? O que seria o mais justo para o Oscar 2017?
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DANILO TEIXEIRA E ALINE ANZOLIN