Em 2012, o ator Gary Oldman fez comentários a respeito da votação por trás do Globo de Ouro e gerou burburinho entre os fãs de cinema, críticos e imprensa, os quais consideram o Globo uma prévia para o Oscar. De acordo com o ator, os processos de nomeação e premiação são “furados”, porque são escolhas feitas pela imprensa mundial, não diretamente por profissionais.
Na ocasião, enquanto era abordado por diversos repórteres após ser premiado como Melhor Ator pela revista Empire, Gary Oldman declarou abertamente que os vencedores do Globo de Ouro são determinados de acordo com a influência dos estúdios e muitas vezes pela carreira em geral, não pelo trabalho no ano. Em contrapartida a este comentário, ele defende o procedimento da Academia para o Oscar e o BAFTA, já que para estes são atores, diretores, figurinistas, etc., em suas próprias áreas de atuação que nomeiam cada concorrente. Depois de ser reconhecido por papeis obscuros, geralmente vilões, Gary Oldman passou a escolher a dedo os filmes dos quais faria parte. Em uma entrevista para a Playboy, ele diz que o ator é sua imagem e às vezes os responsáveis pelos elencos das produções acabam pré-selecionando apenas aqueles já habituados ao estilo, por isso Oldman passou a cobrar mais para cada personagem maléfico que interpreta e dessa forma limitou as propostas, ampliou seu portfólio e teve sua carreira multifacetada. Da preocupação com o reconhecimento é possível compreender o que levou Gary Oldman às declarações acerca do Globo de Ouro. Como ele mesmo relata, em mais de 30 anos de atuação ele participou de filmes que eram apenas trabalho e outros que realmente despertaram seu interesse, e isso é muito comum em Hollywood, afinal, estúdios e profissionais precisam se manter de alguma forma e os contratos estão sempre acontecendo. Em 2012, Gary Oldman havia lançado o filme “O Espião que Sabia Demais”, adaptado da obra de John le Carré, e para o ator representou uma mudança em sua vida cinematográfica, porque não era mais um personagem assombroso, era alguém real. Nas palavras dele, a plateia o veria cruamente e a pressão seria maior porque ele traria de volta um personagem eternizado na década de 70 pelo ator Alec Guinness. “O Espião que Sabia Demais” não incluiu Oldman no Globo de Ouro, entretanto o levou ao Oscar ao lado de Jean Dujardin e George Clooney.
Apesar de ser a favor do que o “cinema era”*, Oldman ainda soa controverso em sua declaração, já que no momento havia sido premiado durante um evento promovido por um veículo de comunicação e mesmo seus filmes contam com a própria imprensa para dar o pontapé para o lançamento por meio de bastidores ou rumores, independente dos investimentos em marketing. De qualquer forma, cinema e influências políticas estão conectados e o resultado é o entretenimento do público, quem irá decidir se tal filme merece ou não o ingresso e, muitas vezes, não está tão preocupado com a posição do longa nas premiações. Por vezes o reconhecimento por um trabalho cinematográfico não vem de prêmios, e sim entre seus colegas de profissão e a empatia de quem assiste e futuramente não perderá sequer uma estreia. Ainda assim, Gary Oldman não espera uma nomeação ao Globo de Ouro depois desse episódio, o que realmente vem sendo comprovado depois de 3 anos, porque nem com filmes blockbusters nem com grandes obras do cinema o ator sequer deu as caras na lista de indicações. |
Certamente não significa qualquer coisa ganhar um Globo de Ouro." No geral, a seleção para o Globo de Ouro dura o ano todo e os 93 jornalistas/críticos que votarão recebem uma lista com todos os filmes. Assim, cada um escolhe 5 produções para cada categoria e as elenca em ordem de peso, por fim enviam os votos em envelopes lacrados para evitar fraudes.
No desenrolar da eleição os estúdios podem fazer campanhas através de sessões exclusivas, envio de materiais promocionais ou por meio de estrategistas para aumentar a bilheteria. Já no Oscar a escolha dos concorrentes é feita pelos membros da Academia, cuja formação dá-se por profissionais indicados à estatueta no ano anterior e recomendações entre os mesmos. A partir daí os membros irão indicar os participantes às categorias, por exemplo: atores indicam os atores ao prêmio de Melhor Ator e Melhor Ator Coadjuvante, diretores indicam Melhor Diretor e para o Melhor Filme todos podem dar seus palpites. Então, saem os finalistas. Um ano antes do caso entre Gary Oldman e o Globo de Ouro acontecer, em 2011, o filme “O Turista”, estrelado por Angelina Jolie e Johnny Depp, teve péssimas críticas, mas foi indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Comédia ou Musical. Segundo o site The Guardian, os eleitores da premiação foram acusados de receber da Sony uma viagem com todas as despesas pagas e um show em Las Vegas para que eles levantassem a moral da produção, a qual só pelo elenco poderia garantir a bilheteria.
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GIOVANNA PINI