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Lentes da década de 60
Richardson pode ser considerado uma pessoa de sorte. Enquanto estava na sede da Panavision para uma reunião, descobriu a existência de algo que todos pensavam não haver mais, uma raridade: lentes 70 milímetros Ultra Panavision. Não se gravava filmes com estas lentes desde "A Batalha de um Herói", no ano de 1966. Ao saber, Tarantino convenceu Richardson a conseguir algumas delas para o longa, pois queria a captação sob o maior formato possível. A Panavision prontamente atendeu o pedido, e como já não existiam câmeras que suportassem lentes desta magnitude, toda empresa se envolveu em adaptar câmeras modernas no menor tempo possível.
Quadro
O grande formato permitiu a Richardson poder incluir muitos dos personagens do filme no mesmo quadro de uma só vez, capturando suas reações e do outro, todos juntos. "Isso é o que Quentin mais amava - ser capaz de incluir o máximo de personagens possíveis dentro de um mesmo /ângulo, sem ter que destacá-las", diz Richardson. Ter todos no mesmo quadro faz com que a tensão especialmente aumente, tornando-se mais thriller. Faz com que o público saiba exatamente o paradeiro de um personagem em quase todas as cenas.
CoresA sensibilidade pop de Tarantino e a maneira como ele usa as cores saturadas não é algo comum nos filmes hollywoodianos, mais recorrente em longas japoneses ou coreanos, principalmente em termos do uso da cor. Richardson entende a forma com que Quentin trabalha, que ele queria o violento, mas sabia que isso fazia parte da beleza de sua obra. O uso da 70 milímetros, proporciona um nível de saturação notável e uma tonalidade, a partir das lentes, muito particular. A sensibilidade do negativo Kodachrome e o que ele pode fazer com vermelhos trazem um toque de veludo. E os escuros ganham notoriedade em sua densidade, sem forçar um contraste inerente para o intermediário digital.
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JULIANA LEÃO