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Luz natural
A gravação em frio extremo era necessária para comunicar a experiência, segundo o diretor de fotografia, afinal "O Regresso" se propõe a ser um filme imersivo e visceral. Esta é o motivo para o uso da luz natural, fazer com que o público sinta, quase que de forma tangível o que é retratado na tela. Trabalhar sem o apoio de iluminação artificial não é novidade para Lubezki, pois o filme "E Sua Mãe Também" foi gravado com cerca de 90% de luz natural, além das contribuições nos filmes de Terrence Malick.
Entretanto, há uma cena somente em que foi preciso da ajuda de equipamentos, uma sequência na fogueira à noite onde o vento fazia o fogo pulsar e dispersar. "Tivemos que colocar um monte de lâmpadas ao redor do fogo para criar uma almofada de luz", admite Lubezki. A captação do ambiente
O elenco do filme é exposto a tomadas de câmeras sob raios de luzes cintilantes. A luz solar é diluída em montanhas cobertas de neve ao sol e gotejando como pingentes nas árvores abetos, o que enche a tela de cores. Através da paisagem, Lubezki trabalha com habilidade a reflexão das emoções nos rostos de cada personagem.
Câmeras Digitais
O trabalho em altas latitudes proporciona dias curtos, consequentemente o trabalho dobra de complexidade e necessita ser preciso. O dia praticamente escuro, fez com que o diretor de fotografia optasse por gravar com câmeras digitais, pois permitem uma melhor captação.
“As câmeras digitais nos permite filmar neste ambiente muito escuro, mas também gravar cenas de uma forma que parece mais naturalista, sem grãos ou qualquer coisa entre o público e o personagem. Portanto, este tipo de câmera é um pouco como uma janela para este mundo, e isso é o que eu gosto sobre a câmera digital”, explica Emmanuel. Lentes
O longa é filmado com lentes muito largas trazendo uma dimensão psicológica ao filme. Sendo este o objetivo, as lentes deste tamanho faz o filme ser envolvente. Para a captação das imagens o cinegrafista precisa estar muito próximo ao ator para filmar um close-up, por exemplo. A respiração por vezes enevoava a lente, distorcendo a imagem, mas para o diretor aquilo era algo muito poético. Lubezki explica que “quando você está filmando com lentes longas, mesmo se você estiver gravando um close-up, você sente o ar, a distância entre a câmera e o objeto. E aqui, você sente que não há distância, que a câmera está ali, por isso acrescenta uma dimensão psicológica".
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JULIANA LEÃO