“A figurinista metódica” foi desta forma que o ator Brad Pitt passou a chamar Jacqueline West após trabalharem juntos em "O Curioso Caso de Benjamim Button" (2010). Tamanha técnica e comprometimento com o trabalho a ser realizado. Fortemente influenciada pela mãe, estilista nas décadas de 40 e 50, West começou seu trabalho na moda comercial, tendo suas próprias lojas em Berkeley e São Francisco. Seu primeiro trabalho no cinema foi através de Philip Kaufman no filme "Henry e June" (1990).
Seu trabalho foi reconhecido em vários filmes, incluindo o já citado "O Curioso Caso de Benjamin Button", "Contos Proibidos do Marquês de Sade" (2010), por estes dois indicada ao Oscar. Além de trabalhar em "A Rede Social" (2010) e "A Árvore da Vida" (2011). SUPORTANDO O FRIO
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Para a figurinista o animal que quase o mata é também o que salva a vida, por isso investiu na relação entre o personagem de DiCaprio com os ursos.
Ela adquiriu uma autêntica pele de urso para o ator usar no filme através do departamento de um parque ecológico no Canadá, seu peso pode chegar a mais de 45 quilos se estiver molhado, somente um ator do porte físico de Leonardo poderia suportar o peso com desenvoltura. INSPIRAÇÕES
A inspiração para o traje de DiCaprio veio através de duas pinturas reais: uma de um monge russo e outra nativo americano caçador de Arikara. O indígena se mistura com a história do personagem que tinha convivido com a tribo Pawnee e tinha uma esposa e filho Pawnee. O uso do capuz é justificado pelas motivações e implicações espirituais sobre Hugh Glass, que para a figurinista não enfrentava aquela floresta congelada por sobrevivência e ganhos monetários. “Penso em Glass como um guia, e não como um caçador”, afirmou certa vez. Iñárritu comumente compara o personagem a São Francisco de Assis, pois pensava que o deserto era uma espécie de igreja simbólica e que ele realmente conversava com os animais.
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ESTUDO DE MOVIMENTO
A equipe de figurino criou para o filme 20 diferentes interações para o traje de DiCaprio, em vários estágios de desconstrução e reconstrução.
Para que isso fosse possível, West estudou ataques de ursos para ver que tipo de danos o animal poderia fazer em uma roupa sertaneja. "Vi vídeos de ursos que atacaram pessoas, e olhei para o modo em que eles pegavam, como eles rasgavam as roupas e qual era o seu raio de ação”, explicou. A equipe retalhava os trajes para, em seguida, costurá-los de volta, além de um dublê da pele de animal, para demonstrar à equipe a ação de um ataque de urso, e como iria ser rasgado com o traje. |
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Jacqueline West costurou para cada um dos interpretes roupas que evocassem como pano de fundo suas próprias histórias e personalidades. Ela forrou os tecidos com peles de diferentes animais como forma de construir personagem. Para o jovem Jim Bridger, interpretado por Will Poulter, ela usou pele de búfalo em seu casaco, pois ele se tornara um homem das planícies. Já para o personagem de Tom Hardy, Fitzgerald, ela usou texugo, porque esses animais apresentavam um notável instinto de sobrevivência.
Ela afirma que o filme "não é sobre a superioridade do homem contra o animal, mas sobre o combate na natureza pela sobrevivência de ambos os lados. Despojados de seus egos e suas roupas para, em seguida, serem reconstruídas. Devido a esse ciclo, todas as roupas dos personagens contam uma história." |