Membros da Academia já revelam que dificilmente votarão em "Emilia Perez" e muito menos em Karla Sofia Gascón!

A corrida do Oscar 2025 está diferente de tudo que vimos nos últimos anos. E, talvez, agora estamos diante de um escândalo único na história da premiação da Academia.

Karla Sofía Gascón, a atriz espanhola que interpretou a personagem-título em "Emilia Pérez", e que foi recompensada com uma indicação ao Oscar de melhor atriz em 23 de janeiro, viu tudo indo por água abaixo.

Menos de uma semana depois da indicação, as perspectivas de Oscar de Gascón, e toda a sua vida, implodiram completamente. Em uma entrevista em 28 de janeiro, ela fez comentários que implicavam, sem evidências, que pessoas associadas à colega indicada ao Oscar de melhor atriz, Fernanda Torres, estavam por trás dos ataques a ela, o que provocou uma reação rápida de muitos, incluindo o exército de brasileiros que tem defendido apaixonadamente Torres e seu filme durante toda a temporada.

Pouco depois, coincidentemente ou não, tuítes postados nos últimos anos por Gascón, contendo comentários preconceituosos sobre uma ampla gama de comunidades marginalizadas e até mesmo o próprio Oscar, foram descobertos e circularam no X (antigo Twitter). 

Pode-se especular que a exposição de Gascón, e o momento em que isso ocorreu, não foi totalmente orgânico. E também se pode argumentar que a distribuidora de "Emilia Pérez", Netflix, com seus bolsos fundos e dezenas de pessoas trabalhando especificamente em esforços de premiação, deveria tê-los pego antes de investir milhões em uma campanha do Oscar para um filme com ela no centro.

De acordo com o THR, as coisas estão piores: membros da Academia estão falando claramente em não votar em "Emilia Pérez" em qualquer categoria, já que a própria "Emilia Pérez" se tornou tóxica.

"Emilia Pérez" está longe de ser a primeira favorita ao Oscar a se ver envolvida em um "escândalo" em um momento particularmente inoportuno na temporada de premiações. A disputa entre "O Resgate do Soldado Ryan" e "Shakeaspeare Apaixonado" foi polêmica e nebulosa, depois "Uma Mente Brilhante" (o homem interpretado por Russell Crowe foi considerado um antissemita); "Quem Quer Ser Um Milionário" (acusado de explorar seus atores mirins indianos); "Guerra ao Terror" (um veterano alegou que roubou sua história); "Discurso do Rei" (por supostamente falsificar a história); e "Green Book" (por tantas coisas diferentes).

Curiosamente, todos esses filmes ainda ganharam o Oscar de melhor filme. Os membros da Academia consideraram as alegações falsas, enganosas ou irrelevantes para sua tarefa de avaliar a qualidade de um filme. Mas a situação de Gascón parece diferente de tudo o que aconteceu antes, porque seu mau comportamento é inegável (embora ela tenha alegado que alguns dos tuítes que circularam foram adulterados), indefensável (existe um grupo étnico que ela não ofendeu?) e completamente contrário ao que ela e seu filme deveriam ser (ou seja, tolerância). Além disso, ela minou os esforços de muitas pessoas que trabalharam incansavelmente em seu nome.

Este é um escândalo muito moderno do Oscar, que não teria sido possível apenas alguns anos atrás, antes do advento da Internet e da ascensão das mídias sociais. E provavelmente isso vai mudar a corrida do Oscar como conhecemos.

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