Em um especial da Variety, grandes diretores do cinema mundial falaram sobre alguns dos melhores filmes de 2024! Nos próximos dias, até o fim do ano, vamos passar por todos esses diretores, tendo esse novo olhar técnico dos filmes da temporada.
E agora temos Barry Jenkins falando sobre "Nickel Boys", de RaMell Ross! "Em seu maravilhoso livro “In the Blink of an Eye”, Walter Murch afirma que no cinema, os olhos são a janela para a alma, que ao conceder ao público acesso aos olhos sem piscar dos atores por meio de menos edições, a alma da qual ele fala cria um elo inabalável entre o público e o personagem. O que acontece então quando o público habita os próprios olhos desses personagens? Em sua adaptação revolucionária de “The Nickel Boys”, de Colson Whitehead, RaMell Ross retoma a tese de Murch e a leva para a estratosfera, atualizando o velho ditado de andar uma milha nos sapatos de outra pessoa. No caso de Elwood e Turner, os dois protagonistas do notável primeiro longa narrativo de RaMell, esses sapatos não viajam muito longe, presos como estão em um lar entorpecente para meninos rebeldes. E, no entanto, para este diretor e seu olhar ousado de POV, a jornada em que acompanhamos esses meninos Nickel é monumental. As imagens que este diretor evoca surpreendem consistentemente: uma cruz de altar brilhando no asfalto em uma estrada fria, a imagem de um menino refletida de volta para si mesmo no ferro de passar roupa de sua mãe, halos hipnóticos de luz e... todos aqueles olhos. Os olhos profundos, ansiosos e despedaçados de Aunjanue Ellis-Taylor; olhos brilhando e escurecendo, a alma indo e vindo e, apesar de tudo, retornando novamente nesta procissão de olhos lindamente ponderada; Elwood e Turner olhando um para o outro e, em um poderoso exercício de forma, todos aqueles meninos olhando para nós. Este é um trabalho que define o meio — esteticamente, espiritualmente — um cinema rico e avassalador onde a câmera é sempre curiosa e o que ela encontra é sempre impressionante. Em uma época em que há mais maneiras de fazer um filme do que nunca (e ainda menos variação na aparência, na sensação, na forma desses filmes do que em qualquer outro ponto da história do meio), RaMell nos deu uma nova maneira de ver. É algo que nos deixa humildes... e cheios de gratidão". Barry Jenkings venceu o Oscar de Melhor Filme por "Moonlight", e ele está nessa temporada com "Mufasa: O Rei Leão". ![]()
AUTOR DO POST
Danilo Teixeira
Editor do Termômetro Oscar | CETI
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