Inevitavelmente, quando um filme chega nos streamings e é visto pelo grande público, as críticas aumentam. Inesperadamente, "Emilia Perez", de Jacques Audiard, encontrou uma grande maioria de notas negativas. O filme está sendo atacado, o que era esperado, pela direita e, não esperado, pela esquerda, em igual medida.
Pela direita por motivos óbvios de ser um filme com uma protagonista trans. Mas, muitos na esquerda parecem ter problemas com a representação desinformada e exagerada da "realidades trans" em "Emilia Pérez". A Vulture publicou: "Observarei brevemente que os haters estão corretos ao dizer que o filme não tem muito a dizer sobre a experiência vivida por pessoas trans. Emilia Pérez não é realmente sobre a experiência trans, em parte porque Emilia Pérez não é "sobre" nada além de Emilia Pérez." Emilia Pérez não é apenas acusada de evitar essas realidades, mas o filme também deturpa certos aspectos da realidade, o que faz mais para atrasar a representação trans no filme do que para impulsioná-la". O Telegraph tem um artigo intitulado "'Emilia Perez' está enfurecendo a multidão trans", abordando a guerra cultural que atualmente inflige o filme. O "protagonista deixa de ser um pecador assassino para se tornar um santo virtuoso por meio da ficha limpa da redesignação de gênero". Alguns estão se perguntando por que, Audiard, "um cara cis hétero faria um filme sobre um líder de cartel matando muitos mexicanos por causa de disforia de gênero e depois escapando da retribuição por meio da transição". O The Cut escreveu: "Espero que um cineasta tão tomado pelo conceito de transição, alguém que demonstrou um certo nível de sensibilidade consciente em seus esforços anteriores para retratar vidas diferentes da sua, pelo menos demonstre uma compreensão informada de como esse conceito realmente se parece na prática." Deve-se notar que a protagonista do filme é interpretada por uma atriz trans (Karla Sofia Gascon), que obviamente aprovou o filme, mas isso não parece ser o suficiente, já que o filme foi tortuosamente escrito e dirigido por um cara branco hétero. Isso nos relembra quando "A Garota Dinamarquesa", o filme em que Eddie Redmayne estrela como a pioneira transgênero Lili Elbe, lançado em 2015, teve uma reação imediata e feroz. Era, de acordo com os que reclamaram, inaceitável que o homem branco Redmayne desempenhasse o papel de Elbe, pois isso roubava das atrizes trans a chance de fazê-lo. Nos anos seguintes, Eddie disse que se arrepende de interpretar o papel. “Fiz aquele filme com as melhores intenções, mas acho que foi um erro”, ele admitiu em 2021. “A maior discussão sobre as frustrações em torno do elenco é porque muitas pessoas não têm uma cadeira à mesa. Deve haver um nivelamento, caso contrário, vamos continuar tendo esses debates.” "Emilia Pérez" venceu dois prêmios em Cannes, e se prepara para a temporada de prêmios, como representante da França para o Oscar 2025. ![]()
AUTOR DO POST
Danilo Teixeira
Editor do Termômetro Oscar | CETI
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