Quando as indicações ao Oscar são reveladas, o público fica
na torcida por seus filmes preferidos do ano. Mas na hora da revelação dos vencedores nem sempre é o que esperamos ou queremos. A Academia já premiou pessoas e filmes que já causaram revolta no público e na crítica.
É claro que essa mecânica não terá fim, já que é assim que funciona a premiação. Enquanto uns ganham, muitos perdem. Por isso, veja 15 casos de vitórias do Oscar que dão vontade de gritar! |
Em 1968, a Academia premiou Cliff Robertson como Melhor Ator por sua atuação em “Charly”, filme sobre um homem que passa de mentalmente incapacitado a gênio após uma operação, ao invés de Peter O’Toole pelo épico “O Leão no Inverno”. A atuação de O’Toole no longa indicado merecia uma estatueta por sua intensidade e imponência ao liderar o jogo familiar por disputa de poder, assim como sua dinâmica com a atriz Katharine Hepburn como sua esposa Eleanor. Não que Robertson não merecesse o Oscar, mas a dramaticidade de “O Leão no Inverno” é maior sem ter que apostar na fórmula de personagens superando dificuldades. |
O Oscar de 2001 está cheio de clássicos do cinema, mas ainda assim cometeu algumas gritos de indignação ao premiar Julia Roberts como melhor atriz ao invés de Ellen Burstyn, que estavam concorrendo respectivamente por “Erin Brockovich” e “Réquiem para um Sonho”. Apesar da história de Erin Brockovich ser emocionante, assim como a atuação de Julia Roberts, “Réquiem para um Sonho” é uma obra prima do diretor Darren Aronofsky, que coloca todos os atores em um estado psicótico pesado durante as tentativas de atingirem seus sonhos, e Ellen Burstyn, irreconhecível em boa parte das cenas, mais do que merecia sua estatueta. |
Será que se a atriz Janet Leigh tivesse ganhado seu Oscar como Atriz Coadjuvante por “Psicose” haveria mais reconhecimento ao gênero de suspense? Em 1960 a Academia escolheu Shirley Jones e sua personagem corrompida moralmente em “Entre Deus e o Pecado”, sendo injusta com Leigh e uma legião de pessoas que sentiram na pele o terror de ser um hóspede no Bates Motel. É claro que são filmes completamente diferentes e com exigências distintas para ambas as atrizes, mas a atuação injustiçada de Janet Leigh acaba sendo mais envolvente nas mãos do mestre Alfred Hitchcock. E uma das mais inesquecíveis do cinema! |
Três histórias completamente diferentes, sendo duas adaptações literárias, envolvem nosso próximo grito. Na premiação de 1941, Joan Fontaine (“Rebecca”) e Katharine Hepburn (“Núpcias de Escândalo”) perderam o Oscar de Melhor Atriz para Ginger Rogers em “Kitty Foyle”. Aqui, as duas atrizes injustiçadas atuaram em filmes com histórias mais consistentes e trouxeram para suas personagens o poder necessário para comandar as tramas, assim como torná-las mais convincentes até hoje em dia. |
10 anos depois de Katharine Hepburn e Joan Fontaine, o Oscar optou por premiar como melhor atriz Judy Holliday e sua atuação em “Nascida Ontem”, deixando de lado Bette Davis (“A Malvada”) e Gloria Swanson (“Crepúsculo dos Deus”). Parece até estranho dois clássicos não terem tantos atores premiados, ainda mais com “A Malvada” sendo eleito o melhor filme e a direção de 1951, mas a Academia apostou na simplicidade e espontaneidade de Holliday ao interpretar Billie, a qual realmente era convincente. Contudo, as performances de Gloria e Bette são eternas e sinônimos de qualidade pura. |
O diretor Martin Scorsese foi desmerecido pela Academia por
dois anos e não levou o prêmio por Melhor Diretor nas décadas de 80 e 90,
primeiro com “O Touro Indomável” perdendo para “Gente como a Gente”, de Robert
Redford, depois com “Bons Companheiros” para “Dança com Lobos”, de Kevin
Costner.
Relacionando os quatros filmes deste tópico todos mereciam o Oscar por sua qualidade técnica e pelo roteiro, mas o que os críticos optaram por destacar nesses anos foram histórias apelativas emocionalmente, o que vai de contrapartida às tramas mais densas de Scorsese. Elegendo filmes como “Dança com Lobos” e “Gente como a Gente” a Academia tentou se aproximar de gostos mais populares ao invés da grande arte e do grande artista Scorsese. |
Em 2003, o ator Adrien Brody desbancou grandes nomes do cinema por sua atuação no drama “O Pianista”. A concorrência pela estatueta de Melhor Ator incluía personagens cômicos, manipuladores e poderosos, no entanto, a simplicidade do polonês pianista contagiou o Oscar e mais uma vez o prêmio foi para um filme com mais tendência a cair no gosto popular e regado ao sentimentalismo. O grito desse ano pode ser dito como tardio, já que muitos especialistas e críticos acreditam que houve muita expectativa em torno de Brody, que acabou não alcançando nada e só trouxe decepções no cinema. |
A categoria de Atriz Coadjuvante no Oscar de 93 estava parecendo uma série de novelas com vários dramas sobre relacionamentos, com exceção do filme “Meu Primo Vinny”, o qual rendeu o prêmio para a atriz Marisa Tomei e veio como uma comédia estilo “Curtindo a Vida Adoidado”, bem típica dos anos 80 e 90. Da lista é a vitória mais relembrada como péssima escolha da Academia. Se alguém quer falar mal da Academia sempre lembram dessa escolha. Por ser o concorrente mais leve e por não ter explorado a capacidade de interpretação dos atores tanto quanto os outros, a vitória de Marisa Tomei é o nosso nono grito. |
Assim como Martin Scorsese, Coppola não merecia estar sequer em uma lista de gritos pelas decisões do Oscar, mas infelizmente isso aconteceu pela edição de 1973 da premiação, quando o diretor Bob Fosse ganhou como Melhor Diretor por “Cabaret”. Na época ambos os filmes estavam bem indicados nas categorias, porém “Cabaret” teve sua vitória por apresentar um novo tipo de musical ao cinema, que depois seria inspiração no estilo de “Chicago” e “Moulin Rouge”. Mas Coppola foi absurdamente desmerecido pelo soberbo trabalho que se tornaria um clássico do cinema. A direção de Coppola é reverenciada e uma das mais citadas como uma das melhores de todos os tempos. |
O Oscar de 1999 levantou dois gritos ao final de sua
premiação. A primeira delas com “Shakespeare Apaixonado” (7 vitórias) vencendo
“O Resgate do Soldado Ryan” (5 vitórias) e a segunda com a atriz Gwyneth
Paltrow desbancando grandes nomes por sua atuação como a inspiração de
Shakespeare.
Naquela época esses dois filmes estavam disputando as principais categorias e dividindo a opinião de todos, porém, pela mesma qualidade visual que “Cabaret” ganhou de “O Poderoso Chefão”, “Shakespeare Apaixonado” conquistou o júri, e hoje é reconhecido pelo público como uma grande injustiça sobre “O Resgate do Soldado Ryan”, o qual é considerado FILME obrigatório para os cinéfilos. O mesmo vale para a atuação de Paltrow, que é boa e se não compara à das atrizes Meryl Streep, Cate Blanchett, Fernanda Montenegro e Emily Watson.
Naquela época esses dois filmes estavam disputando as principais categorias e dividindo a opinião de todos, porém, pela mesma qualidade visual que “Cabaret” ganhou de “O Poderoso Chefão”, “Shakespeare Apaixonado” conquistou o júri, e hoje é reconhecido pelo público como uma grande injustiça sobre “O Resgate do Soldado Ryan”, o qual é considerado FILME obrigatório para os cinéfilos. O mesmo vale para a atuação de Paltrow, que é boa e se não compara à das atrizes Meryl Streep, Cate Blanchett, Fernanda Montenegro e Emily Watson.
Em 1990 a vitória de “Conduzindo Miss Daisy” foi uma bela injustiça com outros filmes tão mais ricos em produção do que ele, como “Sociedade dos Poetas Mortos”, “Nascido em 4 de Julho” e “Meu Pé Esquerdo”, e tornou-se uma nova chance do Oscar de premiar comédias e outros filmes mais leves. Assim como “Conduzindo Miss Daisy”, os outros indicados da categoria também fizeram parte da infância ou da juventude de muitas pessoas que passaram as tardes dos anos 90 em casa assistindo TV, porém eles são muito mais lembrados pelo público por seu lado emocional do que a água com açúcar de Miss Daisy. |
Mesmo tendo lançado filmes ricos para a história do cinema,
o Oscar de 1942 premiou injustamente como Melhor Filme “Como Era Verde Meu
Vale”, ao invés do clássico “Cidadão Kane”, o qual iniciou uma nova leva de
filmagens e de roteiro através da inversão dos acontecimentos de sua trama. Além disso, "Cidadão Kane" é reconhecido como um dos melhores filmes americanos de todos os tempos
|
Em
2001 todas as atrizes-título deste tópico foram desbancadas como Melhor Atriz
Coadjuvante por Marcia Gay-Harden e sua atuação em “Pollock”. Apesar da
produção ser baseada em fatos reais e ter um olhar supersensível, a vitória da
atriz é uma das injustiças do Oscar em relação às interpretações de Frances
McDormand, Kate Hudson e Julie Walters, que aparentam
ser mais naturais. |
O Oscar de 2006 foi um verdadeiro festival de grandes filmes, como “Capote”, “Boa Noite, Boa Sorte” e “Munique”, mas o mais injustiçado do ano foi “O Segredo de Brokeback Mountain”, o qual tinha interpretações maravilhosas, um roteiro envolvente e era desafiador, ou seja, uma forte produção, que, infelizmente, perdeu o prêmio de Melhor Filme para “Crash – No Limite”. Apesar de não ser o favorito do público, “Crash” indicava sua vitória em 2006 ao ser premiado por Roteiro Original e Melhor Edição, além de ser carregado na mensagem de superação e crescimento pessoal que Hollywood adora. Da memória recente, esse é o grito que as pessoas mais dão quando se lembram de uma decisão errada da Academia. |
POR GIOVANNA PINI