Apesar de ser um filme que tem tudo para ser de fácil acesso nos cinemas, ou seja, não tem viés alternativo, “Mississippi Grind” foi uma das sessões que mais impressionou os críticos do TIFF por sua naturalidade ao conduzir uma história que se passa boa parte durante uma viagem e lidando essencialmente com a relação entre os dois personagens principais, como comenta o site Toronto Film Scene: “Os diretores Ryan Fleck e Anna Boden fazem um grande trabalho deixando os atores entrarem com tudo nas cenas. O filme se desenrola de uma forma sem pressa, enquanto os dois se conhecem. Em última análise, este é um filme de relacionamento elevado por Mendelsohn e Reynolds”.
Inspirado no clássico de 1974 “Jogando Com a Sorte”, dirigido por Robert Altman, “Mississippi Grind” é sobre Gerry (Ben Mendelsohn), um viciado em jogo com uma dívida financeira enorme que encontra em Curtis (Ryan Reynolds) um amuleto da sorte para conseguir sua grande vitória nos cassinos. Depois que se reúnem, os dois saem em uma viagem para o sul dos Estados Unidos em busca do dinheiro perdido.
Além das incríveis paisagens como cenário, os diretores Ryan Fleck e Anna Boden optaram por trazer um clima setentista ao tom da produção, o qual vem para harmonizar com a trama do longa, segundo a análise do site We Got This Covered: “O ambiente é reflexo dessas cidades do sul e cidades por onde passam. Contido no título do filme em si, bem como algumas pistas visuais são alusões ao filme de Robert Altman, “Jogando Com a Sorte”, que parece (ou assim que eu vi) servir como uma fonte de clara inspiração para Mississippi Grind. A qualidade estética de pontos de Grind contribuem a isso também - suas progressões de ritmo lento e sua aparência, gerada a partir de filmagens em película, dá-lhe uma vibração de 1970 distinta.”
Para o Ion Cinema não foi só no visual que “Mississippi Grind” se assemelha do longa de Altman: “Se você estiver familiarizado com os filmes de Altman e trajetórias bastante ambíguas, então venha preparado para o estilo e o tom de Mississippi Grind, que usa verdadeiramente o mantra de Curtis (Ryan Reynolds), "A viagem é o destino", representando tom e trunfo do personagem na essência da narrativa.”
Tanto para Reynolds, “Mississippi Grind” também representa um recomeço para seus diretores, que, na opinião da crítica, não estiveram muito bem na realização do último “Se Enlouquecer, Não se Apaixone", como o The Mary Sue traz em sua análise: “Boden e Fleck são uma equipe fantástica e entendem como escrever cenas para os personagens que se sentem reveladores, mesmo quando não estão dizendo muito diretamente. E depois da falha com o seu último filme, “Se Enlouquecer, Não se Apaixone", eles estão de volta com a consciência confiante de pessoas que os fizeram excelentes diretores. E eu não me lembro de um filme que capturou o verdadeiro problema de viciados em jogo em um filme tão bem... que as elevações de ganhar é algo que você só pode experimentar quando você se vê como um perdedor”.
Partindo de um lado nada glamoroso do dia a dia em cassinos, “Mississippi Grind” mostra um lado mais íntimo e delicado do mundo das apostas. Apesar de não estar entre os filmes cogitados ao Oscar, ele faz parte de uma série de produções bem elogias lançadas durante o TIFF 2015 que merecem um pouco mais de reconhecimento.
Por enquanto, ainda não há previsão de estreia para o Brasil. Mas nos cinemas americanos chega em 25 de setembro.